São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Decisão sobre desincompatibilização pode ir ao STF

DANIEL BRAMATTI
DENISE MADUEÑO

DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possibilidade de o presidente FHC concorrer à reeleição sem deixar o cargo poderá ser resolvida pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Orientados pelo ministro Nelson Jobim (Justiça), os líderes governistas mudaram ontem de estratégia e apoiaram uma mudança na emenda da reeleição, que provocou polêmica sobre a necessidade ou não de desincompatibilização (saída do cargo) de candidatos em cargos executivos.
A mudança foi pedida pela oposição, por meio de um destaque (pedido de votação em separado). Temendo dissidências na base, os governistas desistiram de tentar manter o texto intacto e acabaram apoiando a proposta.
O destaque suprimiu a expressão "concorrer no exercício do cargo" da emenda. Com isso, eles queriam acabar com a permissão para que FHC concorresse sem ter de deixar a Presidência.
Mesmo com a mudança da emenda, porém, os líderes continuaram afirmando que FHC não precisará deixar o cargo.
"A expressão retirada era redundante. A Constituição não proíbe que candidatos à reeleição permaneçam no cargo", disse o autor da emenda, deputado Mendonça Filho (PFL-PE).
"Vamos ao Supremo e vamos ganhar", afirmou o petista Marcelo Deda (SE). Para ele, a Constituição não menciona a desincompatibilização em casos de reeleição por um motivo "óbvio": a reeleição não era permitida.
O único artigo que trata da desincompatibilização se refere à necessidade de um candidato deixar o cargo executivo quando for disputar "outros cargos".
"Se a Constituição não fala em desincompatibilização para disputar o mesmo cargo, então pode", simplificou o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA).
Se essa interpretação estiver correta, um governador de oposição que quiser disputar a Presidência com FHC no ano que vem terá uma dupla desvantagem: precisará renunciar ao cargo seis meses antes, enquanto FHC poderá permanecer no Planalto.
A sessão de ontem, em que a votação da emenda foi concluída, alterou outro ponto da proposta. Foi eliminada a possibilidade de que governadores e prefeitos concorressem a outros cargos executivos sem renunciar aos mandatos.
As outras quatro propostas de mudança votadas ontem foram rejeitadas. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), vetou as propostas que retiravam dos governadores e prefeitos o direito à reeleição.

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