São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Diferencial entre os grandes pode ser o técnico

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, em maior ou menor grau, Corinthians, Palmeiras e Santos (no Rio, o Flamengo, em Minas, o Atlético) investiram na montagem de times competitivos para a temporada de 1997.
Apesar da desclassificação do Corinthians no Rio-SP e da derrota do Palmeiras para um animadíssimo Santos, é ainda prematuro correr o risco de afirmar qual time está pintando como o bicho-papão do ano.
A rigor, na média tirada do goleiro ao ponta-esquerda (que não existe mais, é apenas uma figura de linguagem), esses times são parelhos.
É aí que começa a entrar a figura que pode esboçar a definição do quem é quem.
Trata-se da figura, cada vez mais importante, do técnico de um time de futebol.
Quando os integrantes das equipes concorrentes estão nivelados por cima, o diferencial passa a ser nitidamente o técnico, como se pode observar na Espanha: o "dream team" de Fábio Capello em Madri está mais bem organizado do que o "dream team" de Bobby Robson em Barcelona (embora isso não signifique que os merengues vencerão o confronto de hoje contra os "culés", no Nou Camp, pela Copa do Rei).
Toda essa digressão quase óbvia serve apenas para lembrar que um técnico armador de time como é o Wanderley Luxemburgo pode valer por um elenco de 11 craques (o Palmeiras é que sabe).
Ou para mostrar que Júnior, em prazo curtíssimo, modificou completamente o Flamengo (com mais prazo para trabalhar, a tendência é o time crescer mais ainda).
Túlio, no "Roda Viva", disse que ter uma oferta altíssima de excelentes jogadores é o problema que todo técnico gostaria de ter.
Mas, por outro lado, é quando trabalha com um "cast" sem coadjuvantes que um técnico é desafiado no limite de sua potencialidade.
Está aí o técnico portenho Daniel Passarella, com uma grande quantidade de excelentes jogadores argentinos em estoque, para provar que nem sempre a oferta de craques é o melhor dos problemas para um técnico de futebol.
O desafio está lançado tanto para um iniciante como Marcio Araújo, como para alguém com mais experiência, caso de Nelsinho, do Corinthians.
*
Como o São Paulo pouco investiu no time principal, a pressão deverá ser menor contra o bastante promissor Muricy Ramalho, que vai tocando o tricolor. A diferença favorável ao Flamengo de apenas um gol é muito pequena.
O diabo é que, felizmente para o futebol, o Romário resolveu voltar a, senão jogar bola, pelo menos fazer gols.
*
Critiquei bastante o Rio-SP, e, a bem da verdade, ele anda se saindo melhor do que a encomenda -até na taxa de torcedores nos estádios.
Na real, o Rio-SP poderia até se tornar em uma lucrativa forma de arrematar a chamada pré-temporada.
Mas, como há ainda um longo ano de jogos e competições pela frente, o importante é não se deixar iludir pela fantasia do sucesso momentâneo de um torneio desse tipo.

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