São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Bolhas nos pés

CARLOS SARLI

Comparáveis em crescimento à lista de endereços da Internet, os esportes de ação conquistam novos adeptos e multiplicam opções. Até o sagrado basquete dos norte-americanos já conta com uma versão praticada sobre patins in-line.
O kite-skiing mistura esqui aquático com paragliding e resulta em uma pipa humana.
Neste momento, em pontos absolutamente distintos do planeta, dois eventos ratificam as inovações e quebram barreiras. Em Big Bear, na Califórnia (EUA), começam hoje os Extreme Winter Games, a versão de inverno da Olimpíada dos esportes de ação.
Escalada em uma cachoeira congelada, down hill de bicicleta na neve e o snowboard com as categorias slopestyle (descida fora da pista com obstáculos naturais), big air (saltos), half pipe (vertical) e boarder cross (corrida com seis competidores) fazem parte do evento, que reúne 150 atletas e irá distribuir US$ 200 mil.
Na África do Sul e Lesoto, 50 equipes de cinco pessoas (ao menos uma mulher) disputam o 8º Raid Gauloises, prova que combina aventura e consciência ecológica. Durante cerca de dez dias, as equipes terão de cumprir -escalando, a pé, de bote, a cavalo, bike e canoa- um percurso de 688 km, só conhecido algumas horas antes.
Os times, geralmente, formados por triatletas, ultramaratonistas, militares, ex-legionários ou uma combinação de tudo isso, dormem quando podem, navegam com dificuldade (é proibido usar GPS, aparelho de localização por satélite), convivem com chuvas constantes, temperaturas e altitudes variando forte. E ainda tem que pagar US$ 10 mil de inscrição.
Após quatro dias de prova, a equipe francesa Ertips, do campeão mundial de caiaque Gilles Zok, era líder. O único time alemão, com cobertura exclusiva de TV, abandonou a prova no segundo dia. Alegação: bolhas nos pés.

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