São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Blur estréia "Beetlebum" com show para 2.000 pessoas

Banda alterna hits e músicas desconhecidas em apresentação

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

O primeiro show em que a banda britânica Blur apresentou seu novo disco reuniu cerca de 2.000 pessoas anteontem à noite no Cliffs Pavilion (a cerca de 60 km de Londres).
O repertório alternou as músicas do quinto e novo disco, "Beetlebum", com os sucessos antigos, como "Girls and Boys" (do álbum "Parklife"), "Stereotypes" (de "The Great Scape") e "There's No Other Way" (de "Leisure", seu primeiro disco, de 91).
Ou seja, a fórmula usada no show foi a de mesclar sucessos dançantes com as novas composições. Mas dois problemas ficaram evidentes.
O primeiro: eles não tocaram o último de seus grandes hits dançantes -"Country House" (casa de campo) teria sido a trilha sonora ideal para uma apresentação na pequena vila de Westcliffe.
O local, que tem dois ou três pubs, no máximo, fica nos arredores de Londres. A grande maioria do público presente teve que enfrentar uma viagem de 50 minutos de trem para assistir ao show.
O segundo: o Blur do novo disco não é o mesmo dos antigos hits de rock "softy" (suave), e o público do show mostrou isso claramente.
A maioria dos fãs que lotaram o Cliffs Pavilion era composta por meninas com menos de 18 anos, mais preocupadas em gritar "Alex" (o nome do baixista moreno e alto, Alex James) e repetir os maiores sucessos.
Esse público não combina com o ritmo pesado que o grupo tentou dar às suas novas composições.
Crise de identidade
A conclusão é que o Blur vive uma espécie de crise de identidade.
O quarteto quer virar o disco, mas quem garante a venda de milhões de cópias de CDs não está nem um pouco a fim de ouvir alguma coisa diferente.
Tanto é assim que anteontem o vocalista Damon Albarn -nas duas únicas vezes que falou com o público- fez piada com o fato de não haver empolgação quando eles apresentavam "o lado B do disco", como ele descreveu suas novas músicas.
Na imprensa britânica, no entanto, o novo single está sendo considerado o melhor trabalho da banda, comparável com a qualidade de "The Great Scape".
"Queríamos apenas fazer alguma coisa nova", afirmou Albarn, em entrevista no último domingo ao jornal "The Sunday Times".
As novas músicas do Blur, no entanto, continuam a ser músicas do Blur.
A diferença é que parece que eles estão tocando meio bêbados e que querem provar que também sabem tocar rock.
Mesmo assim, eles ainda tocam melhor que muitas bandas sóbrias.

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