São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Rebelde tchetcheno quer atacar Rússia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Salman Raduiev, um líder rebelde tchetcheno radical, disse ontem que não reconhece as eleições ocorridas na república e prometeu novos ataques terroristas à Rússia.
"Ao menos três cidades russas devem ser reduzidas a cinzas. Nós estamos trabalhando numa operação chamada Cinza", afirmou Raduiev à agência "Reuter".
O líder rebelde, responsável por vários ataques terroristas, disse que não reconheceria o governo do recém-eleito Aslan Maskhadov.
Os últimos resultados da eleição do dia 27, divulgados ontem pela Comissão Eleitoral, apontam que Maskhadov recebeu 64,8% dos votos, seguido de Chamil Basaiev, com 27,1%.
O novo presidente, que, segundo a Comissão Eleitoral, deve assumir o cargo em fevereiro próximo, acumulará as funções de chefe de governo e de Estado.
Maskhadov disse ontem que está disposto a discutir com a Rússia o status da Tchetchênia, mas deixou claro que a república já conquistou sua liberdade. Seus planos incluem ainda a reclamação de uma indenização de guerra.
Intransigência russa
A Rússia vê Maskhadov com bons olhos, já que ele é tido como mais flexível do que os outros concorrentes à Presidência. O ex-líder rebelde foi responsável pelo acordo de paz definitivo firmado em 30 de agosto do ano passado.
O Kremlin (sede do governo russo), porém, reiterou que não vai permitir o surgimento de uma Tchetchênia independente.
Segundo Serguei Iastrjembski, porta-voz do governo russo, "não há outra saída" a não ser manter a república como parte da Rússia.
O presidente Boris Ieltsin insistiu que a república deve continuar integrando a Federação Russa.
Iastrjembski acrescentou ainda que "não há motivo algum para se evocar uma ilegalidade das eleições". A Rússia tinha ameaçado não reconhecer os resultados da eleição.
Candidato derrotado
O candidato derrotado Basaiev admitiu ontem a vitória de Maskhadov, mas afirmou que não vai cooperar com o próximo governo tchetcheno.
"Eu me importarei apenas com minha vida privada", disse Basaiev. O ex-rebelde deve trabalhar com a área de computação. Membros de sua equipe foram os responsáveis por levar a Internet até Grozni, a capital tchetchena.
"Não haverá nenhum enfrentamento entre os candidatos. Combatemos juntos a agressão russa e temos um objetivo comum: a independência da Tchetchênia", afirmou.

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