São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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FHC vira 'cabo eleitoral' de Michel Temer

MARTA SALOMON
LUCIO VAZ

MARTA SALOMON; LUCIO VAZ; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente vai a jantar de apoio ao candidato do PMDB à presidência da Câmara e pede votos a deputados

O presidente Fernando Henrique Cardoso fez trabalho de "cabo eleitoral" na noite de anteontem, durante ato de campanha do candidato "oficial" à presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
Ontem de manhã, poucas horas depois do jantar de apoio a Temer patrocinado pelo PFL, o comando político do governo anunciou ter reunido votos suficientes para a vitória do candidato no primeiro turno da eleição, marcada para a próxima quarta-feira.
O resultado da contabilidade foi atribuído ao engajamento de FHC na disputa e ao sistema de caça a votos, idêntico ao montado pelas lideranças governistas para aprovar a emenda constitucional da reeleição.
Uma contagem de votos realizada à tarde na casa do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e comandada pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), registrou como votos "certos" 286 deputados -29 a mais do que o necessário para eleger o presidente. A votação será secreta.
'Simples presença'
"A simples presença do presidente no jantar mostra que ele está pessoalmente engajado na defesa da candidatura Temer e que ajudará no que for possível para elegê-lo", avaliou o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), um dos coordenadores da campanha.
FHC chegou pouco antes da meia-noite na casa do ministro do TCU Marcos Vilaça, sogro do anfitrião do jantar pró-Temer, o deputado Mendonça Filho (PFL-PE) -autor da emenda da reeleição.
O presidente reafirmou o apoio a Temer enquanto circulava entre as mesas ocupadas por cerca de 50 deputados do PFL, líderes governistas e sete ministros.
"Precisamos agora eleger o Michel Temer", teria dito FHC, segundo relato do líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE). "Foi um jantar com clima de vitória", observou o presidente do PFL, deputado José Jorge (PE).
Depois de cumprimentar os presentes, FHC posou para os fotógrafos sentado ao lado de Luís Eduardo Magalhães e Michel Temer -uma cena combinada pelo anfitrião do jantar.
"Era um tipo de namoradeira", descreveu o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI), candidato à vice-presidente na chapa.
"Parece até que o presidente está em campanha", comentou em voz alta um dos aliados de Temer no momento da foto. FHC respondeu que estava, "claro". Apesar disso, não houve brinde ou discurso.
O trabalho continuou ontem no Palácio do Planalto. FHC pediu a 13 dos 18 deputados do Maranhão que votem em Temer.
Segundo o deputado Pedro Novais (PMDB), o presidente fez um "apelo" pró-Temer, junto com o pedido de pressa na votação das reformas constitucionais.
Rolo compressor
Depois de aprovar a emenda da reeleição em primeiro turno, a eleição de Temer passou a ser considerada prioridade do comando político do governo na Câmara.
Ontem, o líder do PFL assegurou 90 votos de seu partido para Temer. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), garantiu 67 votos.
O candidato do chamado "baixo clero" (deputados com menor expressão) da Câmara, Wilson Campos (PSDB-PE), disse que o trabalho de corpo-a-corpo "na base do é dando que se recebe" será um "desserviço" ao presidente.

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