São Paulo, sábado, 4 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kline beija Selleck na boca em "In & Out"

Veteranos atores tiveram de refazer cena 30 vezes

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA,

em San Francisco
Passaram-se 55 anos desde que a canção "As Time Goes By" nos ensinou, no clássico "Casablanca", que "um beijo continua sendo um beijo" e ninguém mais parece se encantar com o roçar de lábios no cinema contemporâneo. Como prova o filme "In & Out", um beijo é bem mais que um beijo.
A troca de saliva mais falada do momento acontece entre os veteranos atores Kevin Kline, 49, e Tom Selleck, 52, que raspou o famoso bigode de "Magnum" para fazer o personagem.
Dura 40 segundos, foi refilmada 30 vezes em dois dias e garantiu lucro de US$ 15 milhões para a Paramount no fim-de-semana de 19 a 21 de setembro, quando estreou.
"In & Out", ainda sem título em português ou distribuidor no Brasil, é um preconceituoso e bem-humorado retrato do drama vivido pelo professor Howard, interpretado por Kevin Kline.
Culto e bem-educado, ele ganha a vida ensinando literatura na pacata cidade de Greenleaf.
Às vésperas de arrematar o celibatário noivado de sete anos com o casamento que é o sonho de sua mãe, ele é surpreendido pelo ex-aluno Cameron (Matt Dilon).
No filme, o jovem galã recebe Oscar por interpretar um homossexual e dedica o prêmio ao professor. "Mr. Howard é gay", diz.
A afirmativa de Cameron causa reviravolta na vida de Howard e dá início à comédia de costumes. "Ele não é gay", defende um aluno. "Apenas gosta de poesia, de Shakespeare e usa guardanapo."
Os diálogos batem na velha e desgastada tecla que passa para a frente a generalização de que todo homossexual se veste com primor, tem bom gosto e boas maneiras.
O famoso beijo é idéia do personagem de Tom Selleck, um repórter de televisão. Mas mesmo assim, a certa altura, Kevin Kline diz com todas as letras: "Sou gay".
O filme foi inspirado em Tom Hanks, que dedicou a seu professor Rawley Farnsworth o Oscar que recebeu por "Philadelphia". "Eu quero agradecer a um grande professor gay", disse durante a cerimônia, autorizado pelo mestre. Em 1991, Selleck havia movido processo de US$ 20 milhões contra o tablóide "The Globe", que afirmou que ele era homossexual.

Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch
Próximo Texto: Greve dos dubladores já tira programas do ar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.