São Paulo, sábado, 4 de outubro de 1997
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Greve dos dubladores já tira programas do ar

RENATO FRANZINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A greve dos dubladores brasileiros entra hoje no seu 19º dia e já começa a tirar do ar programas nos canais da TV aberta.
Por falta de novos episódios dublados, os seriados "Lente Loco" e "Cristina Show", da CNT/Gazeta, foram cancelados esta semana.
Se a greve continuar, a emissora será obrigada a parar de exibir seu carro-chefe, a novela mexicana "Canavial de Paixões", que só tem capítulos dublados para até a próxima sexta-feira.
A novela teve até sua duração diária de 40 minutos cortada pela metade para "durar" mais.
Na Record e em canais da TV paga como o Teleuno, seriados estão sendo reprisados também por falta de episódios.
Os canais Discovery Kids (em português), Family Channel e Casa Club estão tendo dificuldades para estrear no Brasil por falta de programas dublados.
A categoria dos dubladores no Brasil é formada por cerca de 350 profissionais -quase todos entraram em greve em 15 de setembro.
A maioria dos dubladores trabalha como autônomo para as 27 empresas (17 em São Paulo e 10 no Rio) que atuam no país.
A reivindicação dos dubladores é aumentar o salário atual de R$ 16,00 por hora (para quem tem carteira assinada) e R$ 22,00 por hora (para free-lancers), para R$ 65,00 e R$ 84,00, respectivamente.
Como as empresas não fizeram contraproposta, a Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo interferiu e propôs um aumento para R$ 30,00 e R$ 39,00.
A proposta é de âmbito nacional e precisa ser ratificada pelos dubladores até terça-feira. Na segunda, está programada uma assembléia dos profissionais no Rio.
"Acho que dá para aceitar a proposta. Mas vamos exigir mais", diz o dublador Antônio Moreno, 51, líder da categoria em São Paulo.
Moreno, que já fez as vozes de Charles Bronson em alguns filmes da série "Desejo de Matar", afirma que não recebe aumento real desde o início do Plano Real.
Segundo ele, um dublador não pode trabalhar mais do que 60 horas por mês, para não ficar com a voz muito desgastada. "Muitos são obrigados a fazer comerciais e até bicos em novelas", disse.
As empresas, que cobram em média R$ 45,00 por minuto de dublagem, concordaram com o aumento provisório.
"Mas acho que vai ser difícil absorver esse custo", disse João Francisco Garcis Filho, 48, dono da Dublavídeo de São Paulo.
Caso os dubladores prossigam a greve, sua empresa estuda a demissão em massa. Nesse caso, um cursinho de emergência seria dado a atores e a produção só se normalizaria em três meses.

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