São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Visita inaugura nova etapa

PAULO TARSO FLECHA DE LIMA

A visita do presidente Bill Clinton ao Brasil encerra um significado muito especial para o Brasil e os EUA. Isso porque ela consolidará uma etapa verdadeiramente nova para o relacionamento entre os dois países.
Digo etapa verdadeiramente nova, sem receio de recorrer à retórica, porque ela configura um grau de comunhão de valores no relacionamento bilateral sem precedentes. Quando, hoje, falamos, Brasil e EUA, de direitos humanos, democracia, educação, preservação do meio ambiente, intensificação do comércio, não-proliferação de armas de destruição em massa, combate ao narcotráfico, estamos falando da mesma agenda, e dos mesmos objetivos.
Construída sobre uma interação que, é bem verdade, comporta -e sempre comportará- diferenças, esta nova etapa está calcada no propósito de atingir níveis sempre mais elevados de conhecimento mútuo, de respeito pelas nossas discordâncias e de conscientização da importância que desempenhamos os dois países no Hemisfério e no mundo, em benefício de nossos respectivos interesses.
A visita que o presidente Fernando Henrique Cardoso realizou a Washington, em abril de 1995, e a excelente relação pessoal que construiu, desde então, com o presidente Clinton, marcaram, sem dúvida, o início deste importante capítulo do nosso relacionamento bilateral.
Neste meio tempo, o Brasil retomou os caminhos da estabilidade econômica, da democracia plena e do bem-estar de sua sociedade. A ampla abertura que empreendemos de nosso mercado ao comércio e aos investimentos externos nos credencia a uma participação competitiva na economia mundial.
Do ponto de vista dos interesses dos EUA, se as vendas de bens e serviços norte-americanos para o mercado brasileiro nunca tiveram desempenho tão alto, seus investimentos diretos nunca haviam alcançado níveis tão elevados. Se nossa agenda não poderia ser mais positiva, não haveria por que questionar a correção de nossas políticas, em sua dimensão interna, externa ou regional. Ao contrário, compreendê-las e apoiá-las será, certamente, de mútuo benefício.
Assim é que, de forma construtiva e responsável, nossas políticas, no plano bilateral com os EUA, nos foros multilaterais e, mesmo, no processo de conformação da Alca, têm sido pautadas por essa nossa nova realidade.
Em sua primeira visita ao Brasil, o presidente Clinton terá a oportunidade de conhecer pessoalmente essa realidade de transformações de nosso país. Mais do que isso, poderá melhor perceber a legitimidade de nossas políticas, como decorrência natural desta nova realidade.

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