São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Naji Nahas está fora do país, segundo a PF

VANESSA ADACHI

VANESSA ADACHI; CHICO SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-megainvestidor pode estar em Paris; advogados pedem habeas corpus para evitar a sua prisão

CHICO SANTOS
A Polícia Federal de São Paulo concluiu ontem que o investidor Naji Nahas está fora do país.
Mas, diferentemente do que se chegou a especular, ele não fugiu na sexta-feira passada ao ser informado da sua condenação e pedido de prisão.
Segundo a PF, Nahas embarcou em 3 de outubro no vôo 241 da Air France com destino a Paris.
Não se tem certeza sobre o seu destino final. Existe a possibilidade de Nahas ter seguido para outro local a partir da capital francesa.
Com isso, a PF descarta a possibilidade de o investidor estar escondido no Brasil.
A partir de agora, todos os aeroportos do país ficarão em estado de alerta para que Nahas seja preso caso tente retornar.
A PF informou que o juiz carioca Guilherme Calmon Nogueira da Gama, que condenou Nahas, seria comunicado da sua saída do país.
Caberá a ele tomar as medidas necessárias, como pedir a prisão de Naji Nahas no exterior.
Enquanto continua a busca por Naji Nahas, seus advogados Voltaire Valle Gaspar e Cassiano Ricardo Ferraz Fonseca entraram ontem no TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio com uma ordem de habeas corpus com pedido de liminar para que o investidor possa recorrer em liberdade da sua condenação.
Naji Nahas foi condenado na última sexta-feira a 24 anos e oito meses de prisão.
As principais acusações foram de crimes contra a economia popular e contra o sistema financeiro.
Nahas teria manipulado o mercado de ações e operado sem lastro nesse mesmo mercado.
A origem da condenação foi um cheque sem fundos, equivalente a R$ 51 milhões, emitido pelo investidor em 8 de junho de 1989 para pagamento de ações compradas à corretora Ney Carvalho.
Gaspar disse não ter muitas esperanças de obter a liminar, por causa da repercussão do caso.
Mas, afirmou estar certo de obter o habeas corpus quando o Tribunal julgar o mérito da causa.
Ele previu que esse julgamento ocorrerá no prazo de 25 a 30 dias.
Gaspar disse que sua esperança está baseada no fato de a Constituição brasileira assegurar ao réu a presunção de inocência até que sua condenação tenha passado por todas as instâncias judiciais.
Para ele, Nahas não se enquadra nas exceções para esse preceito constitucional, que seriam casos como os de crime hediondo ou tentativa de obstrução da justiça.
Voltaire Gaspar disse ainda que Nahas não se apresentará à Justiça antes de esgotar todas as possibilidades de recursos contra o decreto de prisão preventiva do juiz Nogueira da Gama.
A Folha apurou que o relator do pedido de habeas corpus será o desembargador Ney Valadares.
Azevedo
Os advogados de Eduardo da Rocha Azevedo, ex-presidente da Bolsa paulista, condenado a nove anos de prisão no mesmo processo de Nahas, ainda não entraram com recursos contra a decisão.
"Ainda estamos aguardando o comunicado oficial da condenação", disse Arthur Lavigne, um dos advogados.
O outro advogado, Arnaldo Malheiros Filho, esteve reunido com Azevedo para discutir o procedimento a ser adotado. Procurado pela Folha, Azevedo não foi encontrado.
Em entrevista à emissora "Globo News" na noite de segunda, Azevedo disse estar indignado por ser condenado no mesmo processo que Nahas. "Ou ele é culpado, ou sou culpado eu", afirmou.

Texto Anterior: Corretora muda análise e recomenda Brasil
Próximo Texto: CVM cobrará na Justiça
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.