São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Corretora muda análise e recomenda Brasil

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A corretora norte-americana Merrill Lynch, que em julho assustou os investidores ao dar um prazo de três meses para começar a recomendar a venda de papéis brasileiros, mudou de idéia. Passados os três meses, a recomendação agora é de compra.
A mudança de rumo na análise da corretora foi acompanhada por outros bancos de peso do mercado financeiro internacional.
Nos últimos dias, além da Merrill Lynch, bancos de investimentos como o Morgan Stanley, também com sede nos EUA, e a Caspian Securities, especializada em mercados emergentes, também passaram a olhar o mercado brasileiro com bons olhos.
No caso da Merrill Lynch, o anúncio foi feito pelo estrategista-chefe da corretora, Eduardo Cabrera, que deixa hoje o Brasil rumo ao seu escritório em Nova York, depois de uma viagem de dois dias e meio ao país.
Em relatório preparado por Cabrera, o analista considera que as ações negociadas no Brasil devem continuar sua "trajetória de alta", depois da turbulência vivida durante os meses de julho e agosto.
Cabrera destaca três fatores que considera fundamentais na retomada do mercado nacional: a definição das regras de privatização do Sistema Telebrás, a iminente aprovação da reforma administrativa pelo Congresso e o bom fluxo de novos investimentos.
Diante desse cenário, o estrategista da Merrill Lynch conclui: as Bolsas brasileiras devem continuar subindo e, por isso, é hora de ampliar a posição do Brasil no conjunto dos seus investimentos.
A análise, no entanto, vai contra outra avaliação da instituição norte-americana, realizada no mês de julho, pouco antes da crise asiática fazer estragos nas Bolsas brasileiras, assinada pelo mesmo estrategista Eduardo Cabrera.
Naquela ocasião, quando a Tailândia sofreu o primeiro ataque especulativo mais forte, Cabrera foi dos primeiros analistas internacionais a demonstrar pessimismo com relação ao Brasil.
Em entrevista a uma rede de TV brasileira, Cabrera, de Nova York, disse o que nenhum investidor da Bolsa gostaria de ouvir: em dois ou três meses, estaria recomendando a venda de ações brasileiras. A principal razão era o real estar vulnerável a um ataque especulativo semelhante ao da Tailândia.
A entrevista de Cabrera teve forte impacto entre os investidores e, coincidência ou não, a partir daí as cotações foram ladeira abaixo.
Ontem a Folha tentou falar com Cabrera, mas a assessoria de imprensa da Merrill Lynch no Brasil informou que não seria possível.

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