São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lojistas e camelôs travam guerra na Justiça

RITA NAZARETH

RITA NAZARETH; ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ambulantes vão pedir volta à praça da Sé e comerciantes serão incentivados a ingressar com ações

A Associação dos Trabalhadores Ambulantes deve pedir na Justiça, na próxima semana, um mandado de segurança pedindo a volta dos camelôs à praça da Sé.
Já o presidente da Câmara de Lojistas da Cidade de São Paulo, Salomão Gawendo, diz que vai incentivar os comerciantes prejudicados a entrar na Justiça.
"Um dia de vendas perdidas nunca é recuperado", diz Gawendo. "Com o fechamento de lojas hoje (ontem), calculamos um prejuízo de 3% no faturamento de cada uma", diz Maurício Stainoff, da Câmara de Lojistas do Estado.
Prejuízo
As principais reclamações dos camelôs ontem eram as mercadorias quebradas durante a apreensão e falta de perspectivas de vendas no camelódromo do Brás.
Segundo o ambulante Manuel Pacheco Teixeira, 46, foi a segunda vez que a prefeitura lhe causou prejuízos. "O primeiro 'quebra-quebra' foi na gestão do Jânio (Quadros)", diz Teixeira, que afirma ter perdido cerca de R$ 250 em mercadorias danificadas e roubadas na apreensão de anteontem.
Teixeira, que tinha uma barraca de bolsas e carteiras na praça Clóvis Bevilácqua -também na Sé-, afirma que foi pego de surpresa. "Achei que a prefeitura iria retirar apenas os camelôs da praça da Sé e decidi ficar", diz o ambulante. "Eles até devolvem o material, mas já sem condições de venda."
Outra ambulante, a cearense Shirley Maria Magalhães, 38, afirma que pediu R$ 400 emprestados ao cunhado para comprar mercadorias. "Agora vou ter de pagar, mesmo com a maior parte do material quebrado."
Já o camelô Raimundo Domiciano da Silva diz que todas as suas bijuterias foram saqueadas. "Não consigo nem calcular o prejuízo."
Os camelôs também protestavam contra a proposta da Secretaria das Administrações Regionais de instalá-los no Brás.
"Que tipo de negócio vamos fazer em um local onde não passa ninguém?", pergunta o ambulante Wilson Soares, 23, que fatura em média R$ 800 por mês com a venda de artesanato.
"Depois eles reclamam que nós viramos ladrões", diz Teixeira. "Mas como vamos sobreviver?", pergunta o camelô.
Os comerciantes do Brás não gostam da idéia. "Além do aumento de lixo nas ruas, a concorrência pode aumentar", diz Raquel Schwartz, dona de uma loja de artigos infantis no bairro.

Colaborou André Muggiati

Texto Anterior: Motoristas querem dobrar número de manifestantes
Próximo Texto: FRASES
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.