São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Melhores condições de desenvolvimento

MAURICIO CHERMANN

Há estudos, sob diversos prismas, apontando os custos da manutenção do ensino público de nível superior. O governo, segundo tais estudos, despende entre R$ 5.000 e R$ 10 mil por aluno a cada ano. Cabem a esse setor 18,2% dos gastos com a educação no Brasil, que hoje chegam a ser de 4% do PIB brasileiro.
Adotando como base o custo médio de R$ 8.000 e deduzindo dele a percentagem de 35% referente ao custo administrativo, cada aluno importará em um gasto de R$ 5.200 para os cofres públicos, considerando que o aumento do número de estudantes não acarretará alteração no custo administrativo.
Feita essa colocação, os 400 mil alunos dos cursos superiores mantidos pelo governo custarão o montante de R$ 2,08 bilhões anuais.
Há ainda no país mais 1,2 milhão de alunos em escolas privadas de nível superior, distribuídos entre universidades particulares (450 mil), universidades comunitárias (400 mil) e escolas isoladas (350 mil), ao custo médio anual de R$ 2.800 por aluno, média obtida pela análise dos valores das mensalidades dos diferentes Estados.
No Estado de São Paulo, onde estão matriculados 500 mil alunos, encontram-se o maior número de alunos em universidades públicas e os valores mais altos nas instituições particulares.
De acordo com levantamento das escolas feito pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo), temos o seguinte: o curso de direito em São Paulo apresenta o menor preço, de R$ 1.878 por ano, e o maior, de R$ 6.000 no mesmo período.
Em sua maioria, os preços dos cursos variam de R$ 3.000 a R$ 3.840 por ano. Em pedagogia, os limites estão fixados entre R$ 1.408 e R$ 3.600 por ano. Todos esses valores correspondem a cursos na capital; no interior, eles tendem a ser mais baixos.
Considerando que cerca de 75% dos alunos das escolas públicas superiores, conforme divulgado em várias publicações, poderiam assumir o próprio custo dos estudos, se fosse cobrada deles uma importância igual à das particulares -ou seja, de R$ 2.800 em média-, poderíamos ter uma receita de R$ 840 milhões.
Ao dividir essa receita pelo custo por aluno da escola pública -ou seja, pelos R$ 5.200 anuais correspondentes ao aluno acima referido-, o total daria para custear os estudos de mais 161.538 novos alunos, o que corresponderia a 28,76% do número atual de estudantes das escolas públicas superiores. Assim, em lugar de contar apenas com aquele número, as escolas públicas federais poderiam abrigar hoje, ao todo, cerca de 561.538 alunos.
Por outro lado, se calcularmos de outra maneira -161.538 novos alunos pelo custo unitário de R$ 2,8 milhões-, pode-se chegar à receita de R$ 339.229.800. Ela poderia ser aplicada em programas sociais, com a abertura de novas vagas e a implementação técnica de currículos e de meios educacionais propícios a atender à demanda do quadro socioeconômico do país.
Com a autonomia, as universidades públicas poderiam ter melhores condições de desenvolvimento. Seria possível também aumentar o número de alunos, proceder ao controle dos custos e ampliar os recursos colocados à disposição de cada instituição.

Texto Anterior: A sociedade e o ensino superior
Próximo Texto: Carandiru; ISO 9002; Solidariedade; Protesto; Para a posteridade; Nada de novo; Planos de saúde; Proposta; Direito à informação; Cumprimento; Pluralidade de opiniões; Desrespeito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.