São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Água brasileira é cara e serviço é precário

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os especialistas em saneamento básico consideram as tarifas de água no Brasil caras para os padrões internacionais, sobretudo pela qualidade insatisfatória dos serviços oferecidos pelas companhias estaduais.
Em São Paulo, o Estado mais rico do país, ainda há rodízio de água para 1,5 milhão de paulistanos.
"É uma tarifa de Primeiro Mundo com um serviço de Terceiro", disse o geólogo Aldo Rebouças, do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo).
Mas uma comparação do preço da água cobrado por algumas companhias estaduais mostra que as tarifas brasileiras podem ser consideradas caras ou baratas, dependendo dos referenciais, domésticos e internacionais, que forem adotados.
Se os parâmetros forem Buenos Aires e São Paulo, a água brasileira fica então muito cara. Um m3 de água na capital argentina custa um quarto do que em São Paulo.
Mas se a comparação for feita entre as tarifas de Paris e São Paulo, a água brasileira até que fica barata, descontando-se, logicamente, a grande diferença de poder aquisitivo entre brasileiros e franceses.
O m3 de água em Paris custa US$ 1,5 enquanto em São Paulo sai por cerca de US$ 0,60.
Segundo o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, Hugo Marques da Rosa, o valor da tarifa de água nos países desenvolvidos tende a ser mais próximo do custo real de captação e produção de água potável.
"Em outros países, há muitos subsídios que influem no preço final da água", disse Marques.
A Sabesp, no entanto, garante que a sua tarifa normal (sem descontos) é suficiente para cobrir os custos de obtenção de água.
Mesmo em países desenvolvidos pode haver enormes diferenças no preço da água pago pelo consumidor residencial.
Segundo dados do Banco Mundial, a água em Nápoles é duas vezes mais cara do que em Roma e cinco vezes mais cara do que em Milão. Na Bélgica, a tarifa de Antuérpia é metade da de Bruxelas.

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