São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Executivos aderem à onda migratória

PEDRO CARDILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A entrada de novas empresas estrangeiras, a expansão de grupos já existentes e a privatização de estatais estão causando um rebuliço no mercado de trabalho.
As melhores chances são para os profissionais especializados, mas eles têm de estar dispostos a mudar. Isso porque muitos dos novos investimentos estão indo para o interior do país, na maioria das vezes, atrás de incentivos fiscais.
Segundo pesquisa da economista Denise Andrade, 39, a região Sudeste representa 61% do total de investimentos previstos até o final da década. Mas é forte a tendência à pulverização regional, em especial no interior dos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
A Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo confirma o movimento: 95% dos investimentos foram para o interior do Estado.
"O país vive um processo de interiorização, muito semelhante ao ocorrido nos EUA", afirma o consultor Guilherme Velloso, 52. Consequência: as oportunidades de trabalho também migram.
Esse é o caso de Antônio Carlos Bento, 45, vice-presidente administrativo e financeiro da Freios Varga. Ele deixou São Paulo há mais de um ano, quando foi convidado pela empresa para trabalhar em Limeira (150 km de São Paulo).
Hoje ele comemora a mudança, apesar de nunca ter pensado em sair da capital paulista. "Consegui unir desafio profissional e qualidade de vida numa proposta só."
O consultor Simon Franco, 58, afirma que "os novos centros são carentes de executivos, e o profissional brasileiro começará a migrar com o aumento de oportunidades". O país será multipolar, diz.
A Manager Assessoria em Recursos Humanos concorda. Ela conta com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Campinas (100 km de São Paulo) e acaba de inaugurar uma filial em Curitiba, a nova coqueluche de investidores e executivos.
Segundo pesquisa do grupo automotivo da consultoria KPMG, 36% dos empregos gerados pela instalação de novas montadoras no país estão no Estado do Paraná. Mas as oportunidades não se concentram apenas nesse setor.
Jorge Biancamano, 38, diretor comercial do Boticário, está trabalhando na capital paranaense há seis meses. Segundo ele, a proposta de trabalho em uma grande empresa em Curitiba era irrecusável.
"Viver em São Paulo estava difícil. A qualidade de vida também pesou na decisão", afirma. Biancamano passou três meses na ponte aérea até sua família, mulher e dois filhos, mudar para Curitiba.
Empresas em Estados que não tinham tradição na formação de executivos recorrem aos grandes centros. A Chocolates Garoto, do Espírito Santo, buscou quatro de seus executivos em São Paulo, Rio e Minas Gerais.
Segundo a capixaba Valesca Falqueto, 36, gerente de desenvolvimento e qualidade, a empresa busca os melhores profissionais do mercado, onde quer que estejam.

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