São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Jóias perdidas

RODRIGO BUENO

Alguma vez, no seu tradicional bate-bola, você já marcou um golaço, quis que todos os seus amigos vissem (pois se contasse momentos depois eles não iriam acreditar), mas quase ninguém presenciou o feito?
Pois é, guardadas as devidas proporções, algo parecido aconteceu nesta semana com dois dos melhores artilheiros do mundo: Ronaldinho e Raúl.
Nos 3 a 0 da Internazionale sobre o Piacenza pela Copa da Itália, o atacante brasileiro fez os três gols. O terceiro foi descrito pela imprensa italiana como "obra de um fenômeno".
Ronaldinho correu quase 50 metros com a bola, passou, entre dribles e jogos de corpo, por todos os zagueiros adversários e tocou com estilo, de pé esquerdo, na saída do goleiro.
Para os italianos, foi o gol mais belo do craque. Mas, como foi feito em jogo da Copa da Itália (que não vive fase final), sem transmissão de TV, poucos o viram em outros países.
Para os não-italianos, o gol mais bonito de Ronaldinho continua sendo o marcado contra o Compostela, no Espanhol 96/97. A partida foi transmitida ao vivo para vários países, e o gol, semelhante ao que fez agora, virou propaganda da Nike.
Raúl também esnobou nesta semana. Nos 2 a 0 do Real Madrid sobre o Gijón, fez um gol que foi chamado de "parabólico" pela imprensa espanhola.
Com um toque magistral, de fora da área, com efeito, Raúl encobriu o goleiro adversário.
Mas, como o Barcelona é o líder do Espanhol, o planeta assistiu à vitória do time catalão sobre o Mallorca, privando-se do instante genial de Raúl.
Poucos são os sortudos que marcaram seu grande gol com o mundo como platéia -Maradona, driblando o time inglês na Copa de 86, Platini, chapelando na decisão do Mundial interclubes de 85, e Van Basten, pegando sem-pulo antológico na final da Eurocopa de 88.
No futebol, também funciona o "estar certo na hora certa".

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