São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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'Entre Marx e uma Mulher Nua' não condiz com originalidade do roteiro

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Entre Marx e uma Mulher Nua", do equatoriano Camilo Luzuriaga, é um daqueles filmes que não conseguem traduzir na tela toda a originalidade do roteiro.
Adaptada do livro de Jorge Enrique Adoum, a história é um exemplo de realismo fantástico.
O protagonista é um autor que tenta contar sua trajetória e a de seus amigos em um livro, mas, ao se envolver em situações tão absurdas, passa a duvidar da existência dos seus personagens.
Trata-se da segunda parte da trilogia de Camilo Luzuriaga sobre o Equador. O primeiro filme foi "La Tigra" (1990), que enfocou o país na década de 30.
A ação de "Entre Marx e uma Mulher Nua" se passa no Equador dos anos 60, momento em que os personagens vivem intensas batalhas entre sexo e política -o título não poderia ter sido mais feliz.
O protagonista, chamado apenas de Autor (Felipe Terán), se divide entre o amor platônico por Rosana (Maia Koulieva), a militância no partido de esquerda e as divagações sobre si mesmo.
Crise de identidade
Desgarrado de seus laços culturais com a Europa e de suas raízes sul-americanas, o Autor passa a manifestar uma crise de identidade na condição de intelectual.
Outro personagem importante na história é Galo Gálvez (Arístides Vargas), um carismático militante do partido que vive confinado a uma cadeira de rodas e mantém uma relação apaixonada com Margaramaría (Lissete Cabrera).
Jogando com diferentes níveis narrativos -o que conta a seu favor-, o diretor mistura situações do dia-a-dia com sonhos sensuais e estranhos episódios.
O problema é que o conteúdo do livro acaba se diluindo no novo formato, principalmente em função das cenas muito longas, silenciosas e dispersas.
O espectador tem de fazer certo esforço para não perder o fio da meada.

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