São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997
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Tecnologia dificulta fuga

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "THE WALL STREET JOURNAL"

"Escapar das fronteiras da vida que se leva e começar outra sem deixar traços é uma das mais permanentes fantasias românticas dos EUA", afirma o jornal.
"Fugir é, frequentemente, a única alternativa a lutar. E começar a vida em outro lugar é a base da existência dos EUA."
O diário observa, porém, que "o uso crescente de sistemas de segurança e trilhões de bits de dados pessoais disponíveis para qualquer um que tenha um computador" tornam o sonho quase irrealizável. "Uma pessoa com certeza pode desaparecer, se ninguém a estiver procurando", disse ao "Wall Street" Robert Eisenberg, presidente da Tracers of America, empresa especializada em localizar pessoas.
"Mas se alguém for suficientemente enérgico tentando achar, provavelmente vai conseguir", aposta Eisenberg.
Neste verão, um fotógrafo britânico conseguiu encontrar o endereço do escritor americano Thomas Pynchon por meio de um serviço on-line que Pynchon usa. Colocou-se na frente da casa em Nova York e conseguiu a primeira foto do recluso escritor desde 1955.
"Para manter a privacidade de seu casamento, Bill Gates, o dono da Microsoft, alugou todos os quartos de hotel, todos os carros de aluguel e todas as vagas de todos os campings da ilha havaiana Lanai", relata o "Wall STreet".
"Alugou também todos os helicópteros da ilha vizinha, Maui."
Os serviços policiais dos EUA dividem as pessoas comuns que desaparecem em dois grupos: fugitivos e vítimas.
"Fugitivos normalmente são deixados em paz, a não ser que daquilo que eles estejam fugindo seja a lei", comenta o jornal.
Os adultos que querem desaparecer têm que andar às margens da sociedade, a tal ponto que, segundo o "WSJ", alguns chamam esse tipo de fuga de "suicídio revogável". "O fugitivo tem que ficar como morto e, como tal, não deixar traços. Não pode tirar carta de motorista, não pode registrar um veículo, comprar uma casa, votar, instalar um telefone, usar um seguro, processar alguém ou ser processado, assinar uma revista, dar referências para conseguir emprego nem pagar qualquer coisa com cartão de crédito ou cheque", lembra o jornal.

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