São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Grupo usa tática 'cavalo de Tróia' em roubo

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma quadrilha de ladrões de carga utilizou uma tática semelhante à do "cavalo de Tróia" para roubar cerca de R$ 3,5 milhões em equipamentos de informática da Transportadora Tese, no Tatuapé (zona sudeste de São Paulo).
O assalto aconteceu por volta da 1h de ontem. Além da carga, os assaltantes levaram cinco caminhões, uma carreta, uma van, dois Fiat Uno e um Fiat Tempra.
Segundo funcionários da empresa, um caminhão com dois homens na cabine parou em frente ao portão principal da empresa. O motorista disse que trabalhava para a filial de Campinas da Tese e o segurança Cosme Ferreira Lima, 29, abriu o portão.
Quando o segurança pediu a identificação do motorista, foi rendido pelos dois homens, armados de pistolas. Em seguida, os dois homens abriram a caçamba do caminhão, de onde saíram 15 homens armados de metralhadoras e fuzis AR-15.
A estratégia foi a mesma utilizada pelos gregos para vencer a guerra de Tróia (leia texto abaixo).
Trancados
Lima e o outro segurança que estava na portaria, Arlindo Ferreira da Silva, 24, foram amarrados e trancados em um banheiro. Cinco homens ficaram guardando a portaria, enquanto o resto da quadrilha vasculhava a empresa.
Outras oito pessoas que estavam no local, entre seguranças e funcionários administrativos, também foram trancados em um banheiro e em um depósito.
Os homens ficaram cerca de três horas na empresa e roubaram apenas os caminhões que não possuem equipamento para rastreamento por satélite.
Todos os seguranças que estavam na empresa foram desarmados. No total, os ladrões roubaram sete revólveres e dez radiotransmissores. A segurança e a escolta do transporte de valores da Tese é feita pela empresa Controler Segurança e Vigilância.
Fuga
Além de roubar a carga de equipamentos de informática que já estava nos caminhões, os assaltantes encontraram cerca de R$ 500 mil em equipamentos em um depósito. Esses equipamentos foram colocados em uma van Mercedes e também levados.
Após escolherem o que iriam roubar, os assaltantes fizeram outra "operação" para fugir. Dois bandidos ficaram na porta, como se fossem seguranças, e foram liberando a saída dos veículos.
Segundo Fernando Farignoli, gerente administrativo da Tese, eles fizeram três comboios para fugir. "É uma quadrilha organizada e muito audaciosa. Para conseguir levar tantos carros, eles precisaram de pelo menos dez motoristas", afirmou.
Um policial militar que trabalha como segurança teria chegado à empresa durante o assalto. Ele teria tentado reagir, mas foi dominado e teve suas duas armas e um Fiat Tempra roubado. Mas até a noite de ontem ele não havia dado queixa do roubo à polícia.
O segurança Valdir Fermino Vieira, 25, também tentou reagir e foi agredido pelos assaltantes com uma coronhada na cabeça.
Após a fuga da quadrilha, um funcionário conseguiu se soltar e ligar para a polícia. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso.
Farignoli afirmou que, entre os equipamentos roubados, havia impressoras, teclados, microcomputadores, monitores e placas, das marcas HP, Compaq e Itautec. A aparelhagem chegou ontem à tarde ao depósito e seria distribuída hoje na capital e no interior de SP.
A carreta foi encontrada abandonada por volta das 13h de ontem no início da rodovia dos Bandeirantes (zona noroeste de São Paulo). Horas mais tarde, a van foi achada em Diadema (ABCD).

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