São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desemprego é incentivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Há dez anos, Raimundo Antoszczyn, 48, era chefe de departamento numa mineradora estatal. Arlindo Marques, 35, tinha o cargo de comprador em uma empresa de aviação até 1992. E José Martins, 49, até dois anos atrás, trabalhava em uma transportadora.
Depois de passar pela experiência do desemprego, os três resolveram apostar nos lotações. "Na época, fiquei três meses correndo atrás de um outro emprego. Por causa da idade e da falta de vagas no mercado de trabalho, acabei entrando para esta atividade", conta Astoszczyn, que veio do Paraná há 15 anos.
Segundo ele, que atualmente tem autorização da prefeitura para trabalhar no terminal Jabaquara do metrô (zona sul de SP), o dinheiro que recebeu da firma ajudou no início.
"Com a indenização, comecei a fazer lotação clandestinamente. As greves dos motoristas de ônibus e a situação da população me incentivaram muito."
"Hoje, estaria ganhando cerca de R$ 1.800 na empresa e, como perueiro, chego a tirar cerca de R$ 2.500 por mês. O problema é que não tem 13º salário nem férias."
Depois que foi demitido, Arlindo Marques resolveu investir no ramo gastronômico e montou uma pizzaria. "O negócio com as pizzas acabou não dando certo e comecei a trabalhar com troca, venda e compra de carros usados", conta.
Mas, como também não foi bem-sucedido, resolveu, há pouco mais de um mês, ser perueiro.
"Tenho um amigo perueiro que me falou sobre a profissão. Achei uma boa idéia e resolvi tentar. Já estou há quase dois meses no ramo", diz Martins, que atualmente faz transporte clandestino de passageiros para a Baixada Santista.
Para José Martins, um dos primeiros perueiros da região da estação Conceição do metrô (zona sul), são muitas as pressões sofridas.
"Além da fiscalização, temos de suportar a pressão dos taxistas e motoristas de ônibus. Eles deveriam, pelo menos, permitir que metade dos perueiros pudesse trabalhar em paz", diz.

Texto Anterior: Lotação é rápido, mas inseguro, diz usuário
Próximo Texto: Clandestinos adotam regras de profissionalização
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.