São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Empresa 'perde' dinheiro

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Financeiramente, a entrada no Ministério dos Esportes foi um mau negócio para o empresário Pelé, que está deixando de faturar a quantia de US$ 4 milhões por ano em contratos publicitários.
A estimativa é do sócio e mais importante executivo da Pelé Sports & Marketing, Hélio Viana, 39.
"Estamos perdendo muito dinheiro", afirma ele.
"Pelé deixou de fazer contratos publicitários e acertar uma série de outros negócios porque achamos que não convinha", acrescenta Viana. "O que mais perdemos com a presença no ministério é o potencial de desenvolvimento internacional."
Se Pelé se mantiver no cargo até o fim do governo Fernando Henrique Cardoso, perderá, de acordo os números de seu sócio, US$ 16 milhões em quatro anos.
Pizzas e chinelos
Desde que assumiu, o ministro teria deixado de aceitar, entre outras, propostas de campanhas de uma rede de pizzarias, de uma fábrica de chinelos e de uma marca de refrigerantes líder no ramo.
O marketing esportivo é hoje quase um detalhe no grupo empresarial de Pelé, cuja empresa-mãe, dona da imagem do ex-jogador, é a Pelé Empreendimentos.
Se abrir mão de intermediar os acordos de Flamengo e Vasco para a transmissão dos jogos da Supercopa, o ministro não poderá ser acusado de ter negócios, no Brasil, na área na qual governa.
Se não fizer novos contratos, em 1998 a Pelé Sports & Marketing não atuará no futebol. Motivo: não haverá Supercopa.
Em seu lugar, será realizado o Torneio Mercosul, cujos direitos de exploração foram vendidos pela Confederação Sul-Americana de Futebol a uma empresa concorrente de Pelé: a Traffic, maior agência esportiva do Brasil.
Royalties
O grande negócio do ministro-empresário é a cessão de sua imagem para vários produtos.
O Café Pelé, fabricado pela Cacique, deve bater neste ano US$ 240 milhões em vendas, com destaque para o mercado russo.
No mínimo, no cálculo de agentes do mercado, o ministro ficaria com US$ 2,4 milhões. O mais novo produto é o Guaraná Pelé.
As empresas de Pelé, inclusive a Sports & Marketing, recebem royalties -porcentagem sobre cada produto vendido com o nome do maior atleta do século.
Garoto-propaganda
No exterior, a Umbro, multinacional de material esportivo, vende uma linha com a marca Pelé.
Ele também é garoto-propaganda da Mastercard, empresa patrocinadora das competições promovidas pela Fifa (Federação Internacional de Futebol Association, a entidade dirigente do futebol mundial).
A Pelé Sports & Marketing tem escritórios em Nova York (EUA), São Paulo e Rio, isoladamente, e em Barcelona (Espanha) e Tóquio (Japão), com firmas associadas.
Na Espanha, está sendo finalizada produção de um desenho animado com o personagem de histórias em quadrinho Pelezinho.
O projeto foi orçado em US$ 6 milhões, em sociedade com a empresa espanhola Anima Dream.
Rompimento
Criada há seis anos, a agência de marketing esportivo de Pelé tem outros três sócios: Hélio Viana, Celso Grellet e Crezo Rocha.
No ano passado, Roberto Seabra, então sócio, rompeu com a empresa. À época, argumentou que a limitação das atividades de Pelé devido à presença no Ministério dos Esportes estava atrapalhando os negócios.
"Pelé prefere estar no governo para devolver ao povo brasileiro um pouco do que ganhou dele", diz Hélio Viana.
O ministro e seus sócios não revelam qual o faturamento do grupo.
(MM)

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