São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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A noite dos desesperados

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, Fluminense e Corinthians amanhã fazem um jogo de grande interesse. O interesse do desespero.
Se o Nense vencer, não tira o nariz da linha da água, mas afunda o alvinegro paulista. Se o alvinegro vencer, consegue um pouco de oxigênio, mas também não afasta a hipótese de morrer afogado.
O empate é mau resultado para os dois, que, se forem rebaixados, nos darão o sinal de que existe um pouco de certeza no imponderável do futebol.
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A vitória do Vasco sobre o Botafogo no Maracanã deve servir de reflexão para o líder time cruzmaltino.
Ele foi engolido pelo adversário no segundo tempo, e o meio-campo (Luisinho, substituído, Naza, Juninho e Ramón) deu espaço para o Botafogo jogar à vontade.
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Apesar dos quatro brasileiros (Cafu, Aldair, Wagner e Paulo Sérgio) que atuaram no segundo tempo, o time da Roma foi, na partida de domingo, contra a Fiorentina, de uma desorganização tática de dar medo.
Com o recrudescimento da violência no futebol italiano (estou chocado com a quantidade de faltas violentas cometidas nesta temporada), mais a marcação dura e sistemática, só tenho visto mesmo um pouco de bom futebol nos jogos da Inter e da Juve.
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Há uma perigosa concentração de negócios com jogadores de futebol no Brasil.
Enquanto na Inglaterra existem 47 empresários licenciados pela Fifa para negociar jogadores, na Alemanha existem 35, na Espanha, 29, na França, 23, e na Itália, 20.
No Brasil, apenas cinco, isso mesmo, cinco empresários estão autorizados. Veja bem, no Brasil, que anda exportando pé-de-obra como ninguém.
Nessa concentração de negócios, pode-se entender muito da resistência às mudanças na estrutura do futebol brasileiro.
Trata-se de um mercado fechado e para poucos, um anacronismo do ponto de vista das economias modernas.
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Peruzzi (Juve); Reiziger (Barça), Hierro (Real), Bergomi (Inter) e Frank de Boer (Ajax); Zidane (Juve), Raul (Real), Rivaldo (Barça) e Del Piero (Juve); Asprilla (Newcastle) e Batistuta (Fiorentina).
Eis a seleção do mês de outubro escolhida pelos principais veículos de futebol europeu. Detalhe: Del Piero é reserva da seleção italiana, Rivaldo é dúvida na seleção de Zagallo, e Passarella ainda não está totalmente convencido se leva ou não Batistuta para a Copa da França.
Aliás, para garantir o sucesso dos Mundiais, a Fifa deveria divulgar uma lista de jogadores que seriam obrigados a estar presentes nas Copas do Mundo.
Seria uma maneira de garantir o interesse do público e de prevenir contra eventuais implicâncias ou miopias dos técnicos.

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