São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Polícia reprime marcha de mães

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia argelina dispersou ontem dezenas de mulheres e advogados que tentavam marchar até a sede do Parlamento, na capital Argel, para exigir informações sobre o destino de milhares de pessoas que desapareceram durante os confrontos entre grupos extremistas islâmicos e forças de segurança do governo.
Testemunhas disseram que as mulheres -em sua maioria mães dos desaparecidos- e os advogados abandonaram a marcha quando a polícia chegou ao local em que eles estavam se concentrando, diante da sede dos Correios, no centro de Argel.
A polícia também ordenou que os jornalistas que cobriam o evento deixassem o local e confiscou pelo menos uma fita com imagens gravadas da manifestação.
As mães dos desaparecidos raramente se manifestam publicamente pedindo informações sobre seus filhos.
Milhares de pessoas desapareceram nos conflitos entre as forças de segurança argelinas e os grupos radicais islâmicos, iniciados em 1992 com a anulação de eleições que estavam sendo vencidas pelos islâmicos.
Participação militar
Advogados argelinos e grupos de direitos humanos dizem que os militares são responsáveis por muitos casos de pessoas desaparecidas, mas o governo rechaça qualquer participação em atividades clandestinas.
Os rebeldes extremistas islâmicos também são acusados de estarem por trás de centenas de sequestros de civis.
As mães reunidas ontem no centro de Argel disseram que já fizeram vários contatos com as autoridades, mas não obtiveram nenhuma resposta delas.
"Nós não sabemos se nossos filhos estão mortos ou vivos", disse uma das mulheres ouvidas pelos jornalistas. "Nós só queremos saber o destino de nossos filhos", acrescentou.

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