São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Líder do governo renuncia ao cargo no PA

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O líder do governo do Pará na Assembléia Legislativa, deputado Zenaldo Coutinho (PSDB), renunciou ontem ao cargo. Coutinho disse que era líder do governador Almir Gabriel (PSDB) e não de Hélio Gueiros Jr. (PFL).
O vice Gueiros Jr. assumiu interinamente o governo e demitiu anteontem cinco secretários (Administração, Fazenda, Planejamento, Casa Civil e Militar) de Almir Gabriel, que está em São Paulo se recuperando de uma cirurgia.
"Estou preocupado com os rumos que pode tomar o Estado com Gueiros Jr. no comando", afirmou o ex-líder. Os secretários demitidos nada comentaram.
O presidente do PSDB do Pará, Fernando Flexa Ribeiro, classificou as medidas do governador interino de "atitudes lamentáveis e impensadas", mas defendeu a inclusão do PFL na aliança que vem sendo articulada no Estado para reeleição de Gabriel.
"Foram medidas administrativas para tocar o governo com equipe própria de assessores. Diria que são normais", disse o deputado André Dias (PFL), líder informal de Gueiros Jr. na Assembléia.
"Esses atos lamentáveis do vice atrapalham, mas não inviabilizam as negociações com o PFL para a aliança política da reeleição de Almir Gabriel", disse Ribeiro.
O pai do governador interino, Hélio Gueiros, ex-governador e ex-prefeito de Belém, é presidente e maior expressão do PFL regional e pré-candidato ao governo.
Disputas e crises no governo afastaram o PSDB do PFL, aliança que elegeu Gabriel em 94. Antes da doença, Gabriel e assessores tentavam se reaproximar de Gueiros.
Gabriel tem apoio dos ex-governadores Jarbas Passarinho (PPB), a quem derrotou no segundo turno em 94, e Alacid Nunes (PTB), e ainda tenta acordo com o senador Jáder Barbalho (PMDB), também ex-governador e pré-candidato.
Ex-adversários
Todos já disputaram eleições em lados ou coligações antagônicos. "É verdade, no passado, Gabriel odiou Passarinho, que odiou Nunes, que odiou Jáder, que odiou Gueiros, que chamou Gabriel de burro", disse Jorge Arbage, assessor de Gabriel. "Mas as fronteiras do ódio estão ruindo como o muro de Berlim", completou Arbage.
O ex-líder Coutinho disse que, caso o afastamento de Gabriel se prolongue, é até possível um pedido de impeachment do interino.
"Não se cogita isso ainda, mas estamos alertas contra agressões às instituições do Estado."
Anteontem, o governador interino classificou seus atos de "totalmente necessários".

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