São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Inquérito apura nova suspeita de irregularidade

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, instaurou ontem inquérito civil para apurar mais duas suspeitas de superfaturamento em terrenos comprados pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) de São Paulo.
Trata-se do quinto caso de suspeita de irregularidade na compra de terrenos para casas populares nos últimos 20 dias. A CDHU é acusada ainda de beneficiar a empreiteira Via Engenharia em seis obras do governo Mário Covas.
As novas suspeitas de superfaturamento dizem respeito a terrenos em Pirajussara, na periferia de São Paulo, e na cidade de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo). No primeiro caso, o imóvel foi comprado pela construtora Góes Coabita por R$ 1,1 milhão.
O negócio foi feito no dia 9 de julho de 1996. Menos de 40 dias depois, o mesmo terreno foi comprado pela CDHU por R$ 2,4 milhões. No segundo caso, o imóvel foi adquirido pela Lagoinha Construtora, no dia 16 de julho do ano passado, por R$ 1,6 milhão.
Nove dias depois, o mesmo terreno foi comprado pela CDHU por R$ 2 milhões. Ao instaurar inquérito civil, o procurador-geral afirma ser "imperioso" verificar se houve prejuízo ao patrimônio público. Intima o presidente da CDHU, Goro Hama, a prestar informações sobre esses casos.
O inquérito teve origem em representação do juiz Roberto Caldeira Barioni, do 1º Tribunal de Alçada Civil. Segundo o procurador, os terrenos foram comprados por preços "muito superiores aos das vendas anteriormente feitas".
Para o procurador, a operação na venda e revenda dos terrenos foi feita em "intervalos de tempo que que não justificariam aquelas diferenças de preços". Na representação, o juiz refere-se a documentos de cartórios que comprovam a variação de preços.
A primeira revelação sobre imóvel supostamente superfaturado ocorreu em Garça (423 km a noroeste de São Paulo). O terreno foi comprado pela Longitudinal Construtora por R$ 200 mil e revendido à CDHU por R$ 761,7 mil.
Um segundo terreno, em Fartura (340 km a oeste de São Paulo), foi comprado pela empreiteira Mazetto por R$ 15 mil e revendido à CDHU por R$ 308 mil. Dois outros imóveis foram adquiridos na periferia de São Paulo por preços acima da tabela da própria CDHU.
Outro lado
A CDHU informou que a empresa só se manifestará depois de ser informada oficialmente pela Procuradoria de Justiça.

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