São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Legalidade de projeto é questionada

RENATO KRAUSZ; ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os perueiros que se sentirem atingidos pela aprovação do projeto de decreto legislativo proposto pelo vereador Natalício Bezerra podem entrar na Justiça para tentar anular seus efeitos.
A opinião é de especialistas consultados pela Folha. O projeto de Bezerra susta em todos os termos o decreto 28.570, de 28 de fevereiro de 1990, da ex-prefeita Luiza Erundina, que autoriza o trabalho de perueiros na cidade.
Para a advogada Odete Medauar, professora de direito administrativo da USP (Universidade de São Paulo), o projeto contraria o princípio de separação de poderes.
"O Legislativo não pode sustar, revogar ou anular atos do Executivo. Isso só ocorre em matéria de contratos", afirma a professora.
"A forma como a questão foi colocada gerou uma interferência esdrúxula entre os poderes. A Câmara Municipal não tem poder para isso", disse Odete Medauar.
As exceções previstas na Lei Orgânica do Município, segundo Odete, ocorrem quando o decreto do Executivo exorbita seu poder regulamentar.
Ou seja, quando um decreto feito para regulamentar uma lei acaba fazendo a própria lei.
"Não acredito que seja esse o caso do decreto que autoriza o trabalho dos perueiros", afirmou.
O motivo, segundo a professora, é que o transporte público é competência do Executivo.
"A prefeitura pode disciplinar o transporte público por decreto", afirmou ela.
O professor da PUC Carlos Ari Sundfeld concorda. "É improvável que o decreto de 1990 tenha exorbitado seu poder de regulamentar a questão do transporte", afirmou o professor.
Para Sundfeld, como o transporte público é competência do Executivo, não haveria a necessidade de existir uma lei anterior ao decreto de 1990.
Pitta
O próprio prefeito de São Paulo, Celso Pitta, afirmou à Folha na última sexta-feira que considera que há um questionamento de ordem jurídica sobre o fato de a Câmara sustar um decreto do Executivo.
Segundo Pitta é um exagero banir simplesmente os perueiros da cidade, como pretendiam inicialmente os vereadores.
O prefeito não quis fazer outros comentários sobre o projeto de Natalício Bezerra.
(RENATO KRAUSZ E RG)

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