São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Desemprego de 16,3% é recorde em SP

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego na Grande São Paulo bateu seu recorde histórico em setembro, mês em que há, tradicionalmente, crescimento na oferta de postos de trabalho.
A taxa medida pela Fundação Seade e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) chegou a 16,3%, a maior desde o início da pesquisa, em 85. Em agosto, ela havia ficado em 15,9%.
Até o mês passado, o maior índice -16,2%- havia se repetido nos meses de maio de 92 e junho e julho de 96.
Os 16,3% divulgados pela Seade-Dieese significam que cerca de 1,409 milhão de pessoas estão desempregadas na região metropolitana de São Paulo.
Há mais gente sem emprego na região que habitantes nos Estados de Tocantins (1 milhão de pessoas) ou de Rondônia (1,2 milhão), segundo censo de 96 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Comportamento atípico
Setembro também apresentou outro comportamento atípico para essa época do ano. Foi a segunda vez na história da pesquisa que o desemprego cresceu em comparação com agosto.
O outro ano em que isso aconteceu foi em 87, quando o país convivia com os primeiros meses do Plano Bresser, implementado em junho e que provocou uma contenção na atividade econômica.
A indústria voltou a ser maior causadora do desemprego na região metropolitana.
O setor demitiu 39 mil pessoas no mês e anulou os efeitos positivos das vagas criadas no comércio, que gerou 12 mil postos, e nos serviços, que criou outros 22 mil empregos.
Os serviços domésticos também ajudaram a agravar a situação: praticamente foram os responsáveis pela eliminação de 9.000 postos no setor classificado como "outros" e que também inclui a construção civil.
Desaquecimento
Para o diretor da Fundação Seade, Pedro Paulo Martoni Branco, o crescimento da taxa em setembro é o reflexo do desaquecimento da economia.
Essa taxa, afirma, refletiria outros indicadores, como o aumento da inadimplência e a expectativa de queda nas encomendas e nas vendas do comércio neste final do ano.
"O desemprego não mostra ainda uma decisão de cancelar as encomendas, mas sinais de adiamento nas compras do comércio", afirma ele.
Martoni Branco, no entanto, não acredita que o desemprego continue subindo nos próximos meses, como aconteceu em agosto e setembro.
"É inimaginável que a taxa em outubro repita o patamar que vimos em setembro. A atividade econômica deve crescer e o desemprego recuar até o final do ano", afirma.

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