São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997 |
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Terroristas ameaçam fim de cessar-fogo
IGOR GIELOW
Cerca de 15 milhões de argelinos estão aptos para votar nas eleições locais marcadas para amanhã. A FIS, apesar de haver declarado uma trégua iniciada neste mês, continua proibida de participar do jogo político. "Nós abandonamos as armas e nos mostramos dispostos a atuar politicamente. Mas a situação continua inalterada", disse, em Londres, Djaafar el-Huari, membro da direção da frente no exterior. "Se todas as portas políticas se fecharem, (o governo) não deve esperar que distribuamos flores. A luta armada seria então uma legítima defesa", acrescentou. Apesar do aparente abandono das armas pela FIS, a violência no país continua, alimentada principalmente pelo Grupo Islâmico Armado (GIA -uma dissidência da frente), que reafirmou sua intenção de prosseguir com ações violentas em setembro passado. Ontem, foi noticiada novo ataque -cinco mulheres foram assassinadas em Bejala (400 km de Argel), no domingo. O governo intensifica a vigilância. A 48 horas das primeiras eleições locais desde 1990, o país montou um superesquema de segurança para evitar ataques de extremistas islâmicos. Todas as principais estradas que levam a Argel, capital do país, estão bloqueadas. Caminhões formam filas em alguns pontos para pegar caminhos alternativos. São pelo menos 5.000 homens, segundo o governo, patrulhando os pontos estratégicos da cidade. Ninguém pode se aproximar da entrada do aeroporto internacional de Argel. Um toldo ocupado com policiais armados a 50 metros do saguão de embarque é o limite para quem não for passageiro. Contra a paz Os atos violentos buscam minar o processo eleitoral e as tentativas de pacificação conduzidas pelo presidente Liamine Zeroual. Nos últimos meses, o governo laico tem dado mostras de boa vontade para com os islâmicos, libertando Abassi Madani, líder da FIS detido havia anos, e permitindo a participação do partido Movimento para uma Sociedade Pacífica (MSP -islâmico) nas eleições legislativas ocorridas em junho. O pleito de amanhã é mais um passo para tentar restabelecer a paz no país, definitivamente rompida em 1992, quando um golpe militar cancelou eleições que eram vencidas pela FIS, dando início à guerra civil que já matou mais de 60 mil pessoas. Quase 80 mil candidatos concorrem a cerca de 1.500 conselhos locais e 48 conselhos provinciais. O partido Reunião Nacional Democrática (RND), apoiado pelo governo, é o favorito. Com agências internacionais Próximo Texto: Bandeiras nacionais cobrem centro de Argel Índice |
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