São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bandeiras nacionais cobrem centro de Argel

IGOR GIELOW
DO ENVIADO ESPECIAL

Como em quase toda capital de país cujo governo enfrenta uma crise, Argel está coberta com bandeiras nacionais -todas colocadas, segundo relatos locais, por membros do Executivo.
Nas ruas do centro da capital, o cruzamento de fios com bandeirolas verdes, brancas e vermelhas penduradas lembra uma festa junina. Flores são desenhadas nos postes com pequenas lâmpadas.
Faixas de agradecimento ao presidente Liamine Zeroual aparecem em todos os cantos. Seu partido, o Reunião Democrática Nacional, é o favorito para a eleição -levantando suspeitas da oposição.
A segurança não é ostensiva ao extremos. Não se vêem blindados nas ruas como em Beirute ou em Lima. Homens com metralhadoras só são vistos junto aos prédios do governo.
O resto da segurança é feita por policiais armados apenas com revólveres calibre 38 e vestindo roupas leves azuis e brancas.
Mas a calma é aparente. A tensão em que o país mergulhou desde 1992, com o cancelamento da vitória certa dos islâmicos nas eleições, é sentida no embarque para Argel.
No aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, o embarque no Boeing da Air Algerie ocorre em um módulo separado dos demais, com detectores de metais adicionais.
Curiosamente, é a mesma sala de embarque da TWA, empresa norte-americana que teve um Jumbo a caminho de Paris explodido no ar.
Em Argel, não é permitido ficar dentro do aeroporto, nem a 50 metros de sua entrada. Os táxis são raros e atendem basicamente aos jornalistas -grupo em situação no mínimo desconfortável durante esses dias eleitorais.
Logo ao chegar a Argel, os jornalistas são separados por um oficial do Ministério das Relações Exteriores. Ontem, no vôo que chegou de Paris às 17h30 (14h30 em Brasília), eram cerca de 20.
Durante quase duas horas, preenchem formulários. Não podem sair sozinhos do aeroporto. São colocados em um comboio de táxis até o hotel onde o governo os colocou e onde fica o centro de imprensa oficial das eleições.
A justificativa é a segurança. Pelo menos 50 profissionais da área desapareceram desde 92 no país, segundo a entidade Comitê para Proteção de Jornalistas.
(IG)

Texto Anterior: Terroristas ameaçam fim de cessar-fogo
Próximo Texto: EUA superestimaram a expansão da Otan; Navio peregrino vende 25% de suas cabines; Pastor é suspeito de matar filhos na Bélgica; Enfermeira é suspeita de assassinar 22 idosos; Aliança de oposição é rompida no México
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.