São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997 |
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O fim de São Paulo
NELSON DE SÁ
O bordão estava em toda parte, nas paredes, mesas, do encontro de Mário Covas com empresários, ontem em São Paulo. Também as bandeiras de São Paulo, o símbolo da campanha de Covas. Por azar, saiu um dia antes a taxa de desemprego. Acreditar em São Paulo... Nem Covas parece acreditar tanto assim. Na Globo, fez um diagnóstico desanimador, mas principalmente realista, próprio do tucano: - A cidade de São Paulo vai mudar, vai mudar bastante. A indústria não vai ser mais a grande fornecedora de emprego. Os fornecedores deverão ser os serviços e, de novo, a agricultura. Quanto aos serviços, um diretor da associação comercial tratou de tirar as esperanças, em diálogo com repórter, em seguida, na Globo: - Será que o comércio pode reduzir este desemprego com o fim do ano, Natal? - Tradicionalmente o comércio absorve e deve absorver. Mas não é suficiente para amenizar a situação. Então, descartam-se os serviços. Resta a agricultura. Do realista Covas: - A reforma agrária tem este significado. É o único meio de fazer com que quem está na periferia das grandes cidades volte para o campo e permaneça, fique lá. Que ninguém acredite em São Paulo, então. Pelo menos em São Paulo, grande cidade. Todos ao campo. * Outra ironia, um dia depois do anúncio do desemprego vem o Ministério do Trabalho e festeja o "Alô Trabalho", serviço com dados de seguro-desemprego etc. E não, nenhum trabalho, nenhum emprego. * Para fechar um dia desanimador, a Globo News sai com esta manchete: - A chuva traz de volta a velha conhecida do brasileiro: a inflação. Texto Anterior: Comissão aprova fim de juízes classistas Próximo Texto: Câmara desvincula militares de civis Índice |
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