São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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'Não elejo quem é contra lotação'

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os vereadores que foram favoráveis ao fim dos lotações que esperem. Se depender do voto de usuários como Gabriela Fiorone de Campos, 14, não vão se reeleger.
"Nunca votei, mas quando eu for eleitora não vou dar meu voto para gente que quer acabar com uma coisa que funciona", diz a estudante, que está na 8ª série do Colégio São Bento, no centro, e mora na Vila Formosa (zona sudeste).
Gabriela tem uma certeza: o passageiro só se tornou importante para as empresas de ônibus quando passou a usar lotação. "Agora a gente tem alternativa e evita o ônibus. Antes, dependia só deles."
A lista de reclamações de Gabriela contra os ônibus não tem fim. Ela acha os motoristas mal-educados, reclama da espera no ponto, diz que os cobradores roubam no troco, critica a sujeira dos veículos, detesta os solavancos...
Gabriela tem até um argumento ecológico em favor dos lotações -o ônibus solta fumaça preta.
Maria Florenice de Araújo, 50, outra usuária da zona sudeste, acha que toda a confusão em torno dos perueiros se deve à ganância. "Os donos de empresas de ônibus só querem para eles, mas todo mundo precisa trabalhar", diz, referindo-se aos perueiros.
Budista, Maria Florenice espera uma solução negociada para a crise. Para ela, falta vontade de entrar em acordo, especialmente nos vereadores e donos de ônibus.
"O perueiro está certo em protestar. É gente honesta, que quer ganhar o pão." (ROGERIO SCHLEGEL)

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