São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Primos sustentam famílias

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 200 km diários que os primos André Erik Alkmim Cardoso e Ricardo Pereira da Costa percorrem do terminal Santana do metrô até o Jardim Filhos da Terra (zona norte de São Paulo) rendem dinheiro para ajudar a família, pagar as escolas e arranjar namoradas entre um ponto e outro. Os dois são perueiros e trabalham das 5h30 às 15h, quando voltam para a casa em Guarulhos (Grande SP).
André é o chamador. "Herdou" a linha do pai, Odair Cardoso, que morreu em junho passado com um edema cerebral. Quem administra tudo é a mãe, Maria Domingas Alkmim Cardoso, chega ao ponto à tarde e fica até a noite.
"Não tenho título de eleitor e não podia votar na época. Mas vou tirar só para não votar no Natalício Bezerra. Nem no Nelo Rodolfo. Eles e os empresários de ônibus são culpados por essa bagunça toda", diz André.
"Meu pai teria o mesmo tempo de trabalho que tenho hoje: dois anos. Eu gosto do que faço e pretendo fazer a escolinha (de motorista) para poder dirigir a partir de fevereiro, meu aniversário."
Ricardo, o motorista, diz que vai ajudar o primo enquanto for necessário, mas seu objetivo é conseguir um estágio em alguma empresa. Ele estuda administração.
"A gente tem horário a cumprir e responsabilidade com os passageiros. Fazemos um trabalho importante e temos o apoio da população. É absurdo acabar com uma coisa que estava regularizada", afirma.

Texto Anterior: 'Não elejo quem é contra lotação'
Próximo Texto: Crise expõe conflito de interesses
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.