São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997 |
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'Red Corner' mescla amor e leis na China
ADRIANE GRAU
No filme, que estréia nos Estados Unidos na próxima semana, o executivo americano Jack Moore (Richard Gere) se mete em confusão quando a modelo chinesa que o seduz durante uma viagem de negócios a Pequim aparece morta em seu quarto na manhã seguinte. Preso e capaz de falar apenas algumas palavras em mandarim, ele descobre que o sistema penal chinês é severo e restrito. "Piedade aos que confessam", diz o lema da cadeia. "Severidade aos que resistem." Severidade, no caso, é um tiro na cabeça. "E o custo da bala será cobrado de sua família", explica a advogada Shen Yuelin (a até então desconhecida Bai Ling). A moça coloca em risco sua carreira para defender o estrangeiro. "Não quero mais ficar calada", justifica. "Acho que o que ela diz é ressonante", afirma o diretor Jon Avnet. "Há milhões de chineses que não querem mais ficar em silêncio, mas não podem falar." Entre os que não são chineses e ousaram falar, está o ator Richard Gere. Anos após atacar o governo chinês em plena cerimônia do Oscar por causa da invasão do Tibet, ele continua proibido de visitar aquele país. "Criamos então a China do Ocidente", diz o ator. A construção de um pedaço de Pequim próxima ao aeroporto de Los Angeles demorou dez semanas e empregou 200 pessoas. Mesmo sem autorização para filmar em território chinês, o diretor e a atriz escamotearam uma câmera para filmar a cena em que ela anda de bicicleta pela praça da Paz Celestial. "Não sei como o governo reagirá", diz Ling, cujos familiares ainda vivem na China. "É um risco que resolvi correr." Dessa vez, no entanto, Gere deixou de lado a questão tibetana. "Obviamente nessa história há vários momentos em que meu personagem poderia falar sobre a invasão do Tibet, mas eu estava mais interessado na história de duas pessoas que começam a ter confiança mútua", diz o ator. O relacionamento que surge na tela entre ele e Bai Ling coloca "Red Corner" à parte da mistura de aventura e romance que é o prato principal de Hollywood. "O bambu está esperando que o vento lhe toque", sinaliza a advogada, no momento mais sensual do filme. A frase, dita ao diretor pela atriz num parque de Pequim, foi incluída no roteiro. Para Gere, repousa na delicadeza do amor que surge entre os dois a sutileza do filme. "Há tanto amor entre eles que é mais importante não violar aquilo", afirma. O diretor preferiu não cair no lugar comum. "É muito difícil ouvir alguém dizer 'eu te amo' num filme e sentir o significado verdadeiro, mas Ling e Gere têm tanta química que é fácil ver o que seus personagens realmente sentem. Achei mais importante o público sentir que ouvir." Texto Anterior: "Pasolini Suite" mostra Tragtenberg das trilhas Próximo Texto: Fotos mostram o Tibete de Gere Índice |
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