São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
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Brasileiros são 'excluídos' de Campeonato Japonês

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil terá um representante solitário na temporada 97/98 do Campeonato Japonês, um dos mercados mais atrativos, em termos financeiros, para os atletas.
Disputado entre dezembro e fevereiro, o torneio japonês permite aos estrangeiros embolsarem acima de US$ 150 mil, o equivalente a uma temporada inteira no Brasil para jogadores de equipes de ponta. Somente pouquíssimos atletas da seleção ganham salários mais altos ficando no país.
Nesta temporada, somente Eduardo "Pezão" Arruda, estará defendendo um time japonês (leia texto nesta página), contra sete na temporada 96/97.
Os brasileiros foram excluídos por dois motivos preponderantes.
A Federação Japonesa resolveu limitar para somente um o número de estrangeiros como titular.
A equipe pode até manter dois destes atletas, como no passado. Mas se um deles está em quadra, o outro fica na reserva.
Desfrutam de maior prestígio junto às equipes os holandeses, atuais campeões olímpicos, e os russos. Da Holanda, até agora, já têm vaga assegurada Olof van der Meulen (Nec) e Guido Gortzen (Panasonic). Da Rússia, Chatunov e Chischkin (ambos no J. Tobacco) e Goriuchov (Nippon Steal).
"Eles continuam gostando do brasileiro. Acham habilidosos, têm carinho, tudo. Só que quem ganhou a Olimpíada foi a Holanda. Até o ano passado, quando o Brasil era campeão, a atração eram os nossos. Eles querem levar quem está em alta", diz Rogério Teruo Hangai, o empresário responsável pela transferência dos sete atletas, no "boom" de 1996.
Para os brasileiros, na última temporada, o Japão, além de alternativa altamente rentável, se transformou na saída para um espectro ainda maior: o de ficarem sem clube devido ao ranqueamento (pontuação dada pela Confederação Brasileira de Vôlei para cada atleta que disputa a Superliga).
Dentinho, 26, da Olympikus, ficou sem clube porque, "valendo" cinco pontos, estourava o limite de pontos (30) de sua equipe.
"No aspecto técnico, não acrescenta nada. O retorno financeiro é que compensa", diz o atacante, que atuou na Nippon Steal.
Destaque entre os estrangeiros na temporada, desistiu de voltar ao Japão porque não queria ter que disputar a vaga ou ser reserva de Van der Meullen.
Outro imigrante, o meio-de-rede Allan, do Report/Suzano, diz que a Panasonic preferiu investir o salário que pagava a ele e ao atacante Orlando, hoje jogando a Superliga pelo Philco/Santo André, na contratação de Guido Gortzen.
Os brasileiros não poderão porém, reclamar das regalias que tiveram em sua estada no Japão.
A Nec/he, subsidiária da Nec que atua no ramo de eletrodomésticos, instalou uma antena parabólica para que Pampa, ex-seleção brasileiras, hoje no Telepar/Maringá, e Nei, do Philco, pudessem assistir à programação das TVs brasileiras.
"Eles são um pouco frios. Mas nos tratam muito bem", disse Pampa, à época.

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