São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Pezon San' troca de equipe e vira 'traidor'

DA REPORTAGEM LOCAL

Eduardo "Pezão" Arruda tentará combater em sua terceira temporada no Campeonato Japonês o estigma de "traidor".
E também manter a denominação de "San", uma deferência que só dois estrangeiros, ele e Bob Samuelson (o atacante totalmente careca da seleção dos EUA em Barcelona-92), conseguiram receber dos japoneses.
Pezão, 27, 2,04 m (o apelido lhe foi dado pelo hoje técnico Renan, por calçar número 48), jogou as temporadas 95/96 e 96/97 pelo Nec, time mantido pela fábrica de eletroeletrônicos Nec.
No seu time, o único atleta realmente "profissional" era o levantador da seleção norte-americana Ball. Os demais atletas trabalhavam nos escritórios da Nec e treinavam a partir de quarta-feira para os jogos do final de semana.
"A empresa é sua família. É como se você pertencesse a um clã. O cara sabe que vai sempre trabalhar no mesmo lugar. Tudo o que você faz de bom ou ruim não tem consequência só para você, mas para os outros também", diz Pezão.
Por isso, de acordo com ele, a transferência para o Suntory foi tomada como uma traição pelo time da Nec. "Publicaram em tudo quanto foi revista de lá."
A causa da saída teria sido divergências com o técnico Teramari.
Enquanto jogou na Nec, conquistou o Campeonato Japonês (95/96) e o bicampeonato da Copa do Imperador (95/96 e 96/97).
O último torneio, que reúne equipes das três divisões e também times universitários em jogos eliminatórios, é transmitido pelas grandes redes de TV do país.
A maior honra foi alcançada em 95/96. Além de conquistar o título, foi eleito o melhor jogador, com direito a ser (o único) cumprimentado pelo imperador Akihito.
"É um ritual. O outros jogadores fizeram uma fila e ficaram imóveis. Ninguém se aproximou do imperador. Só eu. Foi quando começaram a me chamar de Pezon San."
A ida para o Japão foi possibilitada depois de uma excursão da seleção brasileira, da qual fazia parte, em 93, sob o comando do técnico José Roberto Guimarães.
"O Gílson (do Ulbra/Diadora) se machucou e eu entrei no lugar dele. É aquele tipo de dia em que tudo dá certo. E o técnico da Nec ficou interessado."

Texto Anterior: Brasileiros são 'excluídos' de Campeonato Japonês
Próximo Texto: Clube complica ida de Paula à WNBA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.