São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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FHC reúne líderes para apressar votação

LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO

LUIZA DAMÉ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente deve enfrentar pressões na base governista por liberação de verbas para emendas ao Orçamento

O presidente Fernando Henrique Cardoso começou a negociar ontem a aprovação da emenda de reforma administrativa, última tentativa de aprovar as mudanças constitucionais defendidas pelo governo.
FHC vai reunir hoje a cúpula dos partidos aliados para tentar resolver as dissidências provocadas pelas alianças estaduais e a retenção das verbas orçamentárias, principais obstáculos à aprovação dessa emenda.
Apesar do discurso que o governo adotou depois da crise internacional nas Bolsas de Valores, as reformas da Previdência, política e tributária não deverão ser concluídas antes das eleições de 98.
A votação da emenda de reforma administrativa na Câmara está marcada para o dia 19.
O próprio presidente vai tentar acertar as alianças estaduais com os dirigentes partidários para diminuir as insatisfações na base parlamentar, que ameaçam a votação da reforma administrativa.
A partir desta semana, FHC vai telefonar para os deputados pedindo votos para a reforma. A base governista vai adotar a pressão como argumento: caso a reforma não seja aprovada, o país poderá perder a estabilidade econômica conseguida com o Plano Real.
Orçamento
O líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), ficou encarregado de tentar resolver os problemas de liberação de recursos do Orçamento para anular outro foco de resistência.
Os deputados ameaçam votar contra os projetos de interesse do governo se não forem liberados os recursos destinados por eles aos municípios por meio de emendas ao Orçamento.
A tática de divisão dos trabalhos foi acertada em conversas que FHC manteve ontem com o PFL e o PMDB.
"A liberação da emendas do Orçamento deve ser cobrada, mas não vinculada à votação da reforma administrativa", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA).
"Os compromissos do governo devem ser honrados, mas não vamos vincular as reformas à liberação do dinheiro", afirmou o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
O deputado foi o porta-voz do presidente na semana passada na Câmara, quando defendeu da tribuna a aprovação da reforma para proteger o país da instabilidade financeira mundial.
A ameaça serve também para tentar intimidar a oposição. "Essa crise tem efeito demonstrativo sobre a necessidade das reformas. Só não vê quem é cego. A oposição está fazendo a leitura errada. Está sendo burra", afirmou o vice-líder do PSDB, Arnaldo Madeira (SP).
"Isso é oportunismo puro", reagiu o líder do PT, deputado José Machado (SP). "O governo não fez as reformas porque sua base (no Congresso) não se entende", completou.
Tributária
Na reunião de hoje, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), vai criticar a tentativa do próprio FHC de ressuscitar a discussão sobre a reforma tributária e fiscal e a reforma política.
"Se faz reforma tributária e fiscal para dividir o bolo quando ele é grande. Como fazer uma reforma com o bolo tão pequeno?", argumentou Inocêncio.
O líder afirmou que o momento, véspera de ano eleitoral, não é oportuno para discutir mudanças políticas.

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