São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997 |
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Lula acusa governo de fazer 'chantagem'
CARLOS EDUARDO ALVES
"Não aceitamos a chantagem que o presidente da República faz ao associar a falta de reformas à atual crise cambial", disse Lula. Uma reunião de emergência da cúpula do PT definiu a estratégia do partido diante da crise detonada pelo crash das Bolsas: pedir medidas de urgência para combater os efeitos da alta dos juros e pregar contra os que associam a questão cambial à não-votação das reformas pelo Congresso. Para Lula, a política econômica do governo ficou "nua" com a crise da semana passada. "A excessiva dependência do capital externo sempre foi criticada por nós e não é possível admitir o cinismo de Fernando Henrique ao culpar o Congresso", afirmou. O possível candidato petista repetiu que não gostaria de concorrer na eleição presidencial, mas acrescentou que a definição só ocorrerá na convenção extraordinária do PT, em dezembro. Lula está contrariado com a dificuldade de o PT fazer coligações regionais. "Quero ver é fazer as alianças. Não basta aprovar alianças no Encontro Nacional", reclamou. Apesar de muitos petistas considerarem que um dos efeitos da crise será a realização de um segundo turno na eleição presidencial, Lula não foi tão otimista. Ponderou que nunca achou FHC invencível, mas que a questão cambial não é um drama sem solução. "A crise não é o fim do governo." A possível recessão que a alta dos juros gerar será explorada pelo PT na campanha presidencial, de acordo com Lula. "É natural que o governo utilize o que acha pontos bons da administração. Nós vamos mostrar o que é ruim para o país", declarou. Propostas Em nota, a direção do PT rechaçou a idéia de participar de um movimento de "união nacional" para superar as dificuldades atuais no quadro econômico. No lugar de apoio ao governo, o PT sugere medidas como amparo governamental para renegociação de dívidas de pessoas físicas, micro e pequenas empresas; revisão das políticas de abertura comercial e de âncora cambial; ampliação da cobertura do seguro-desemprego, e suspensão da privatização de "empresas estratégicas". As propostas petistas serão levadas a PSB, PC do B e PDT em reunião que ocorrerá hoje ou amanhã em Brasília. A preocupação do PT é que o governo federal vença mais um round na guerra de comunicação com os opositores. No embate do momento, sobre quem é responsável pelo caos nas Bolsas, o temor é que o governo convença a população de que a culpa é de quem não quer aprovar no Congresso as reformas. "Fernando Henrique não terá em 98 o álibi do 'ou eu ou o caos'. A crise já existe", disse o presidente do partido, José Dirceu. Texto Anterior: A situação das reformas no Congresso Próximo Texto: Temer promete agilizar votação de reformas Índice |
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