São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Ex-diretora do BNDES é derrotada

PATRICIA ZORZAN

PATRICIA ZORZAN; ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-diretora de Privatização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a economista Elena Landau participou ontem do leilão da CPFL do outro lado do balcão.
Responsável pelo setor de privatizações do banco até junho do ano passado, Elena esteve na Bolsa de Valores de São Paulo como consultora da AES Corporation, uma das sócias da Light, segunda colocada no leilão.
"É muito estranho (estar do outro lado). Mas é interessante porque você conhece os bastidores, as negociações", disse.
Segundo ela, as duas funções são "estressantes". "Mas acho que, como vendedor, é pior. As empresas que participam dessa privatização vão estar em outras. Quando você é vendedor, o sucesso (de cada venda) é crucial. Mas é legal poder ter estado dos dois lados."
A consultora considerou o resultado do leilão previsível. "Era estratégico para o VBC, mais do que para qualquer outro consórcio, comprar a CPFL. O grupo foi constituído quase que para comprar a empresa", afirmou ela.
"Para a Light, a CPFL não é exatamente a empresa distribuidora mais estratégica em São Paulo. Tem outras da área da Cesp mais importantes (onde a área de concessão é mais próxima à área da Light). Mas não dá para deixar de participar de um leilão."
Na avaliação de Elena, o "sucesso absoluto" da venda da CPFL também foi "fundamental" para o governo o governo federal.
"Mostra confiança no país. Demonstra que há gente disposta a pagar 70% de ágio em uma empresa e a determinação do governo em continuar com o programa de privatizações. Hoje é um dia importantíssimo."
Elena criticou ainda os analistas de mercado que, em consequência da crise que atingiu as Bolsas na semana passada, chegaram a sugerir que o leilão fosse adiado.
"Ou eles foram precipitados ou não têm entendimento sobre privatização, que é um compromisso de longo prazo", declarou.
"Sempre disse que comprar o controle (de uma empresa) não tem muito a ver com o que está acontecendo na Bolsa, principalmente quando o grupo favorito é de capital brasileiro, supervalorizado. Para o VBC, o que acontece na Bolsa não atrapalha."

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