São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Bovespa chega a cair 10%, suspende pregão e fecha com queda de 6,38%

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo viveu ontem mais um dia de pânico, com as cotações despencando 9% em poucos minutos. Às 16h28, os negócios foram interrompidos por meia hora pela regra que paralisa as operações assim que a queda do Ibovespa chega a 10%.
Na última meia de hora de negócios, as cotações ensaiaram uma recuperação e o Ibovespa fechou com desvalorização de 6,38%, com R$ 776,8 milhões negociados.
Telebrás PN, o papel mais procurado pelos investidores, encerrou a sessão com queda de 4,88%, mas chegou a cair 11% no dia.
O dia dos operadores da Bolsa paulista começou recheado de notícias ruins, o que acabou agravando o pessimismo: nova rodada de queda das principais Bolsas da Ásia e Europa, abertura em baixa do mercado nova-iorquino e turbulência no mercado de câmbio, o que obrigou o BC a realizar três leilões de venda de moeda norte-americana ainda durante a manhã.
Quando os negócios foram reiniciados, às 16h58, as cotações despencaram um pouco mais -o Ibovespa registrava então queda de 10,50%, o pior momento do dia.
A essa altura o mercado de ações de Nova York operava em baixa de 2%, provocada pela crise no mercado asiático e pela divulgação do índice de desemprego da economia norte-americana, o menor desde 1973. O que deveria ser considerada uma boa notícia serviu para esfriar ainda mais o ânimo dos investidores de ações, já que pode levar o banco central norte-americano a elevar as taxas básicas de juros da economia, o que seria ruim para investimentos de risco, como as Bolsas.
No mercado interno, continuaram os boatos sobre a saúde financeira de várias instituições, que teriam registrado pesados prejuízos nos últimos dias.
O fato é que todos os mercados continuaram oscilando com muita intensidade ontem.
As taxas de juros cobradas nos empréstimos entre os bancos chegou a bater a casa dos 45% ao ano. Poucos negócios foram fechados a esse nível, ao menos por um período tão longo. As taxas projetadas no mercado futuro também subiram. A taxa para o mês de dezembro, por exemplo, ficou em 3,39%.
No mercado de dólar comercial, as cotações chegaram a ficar acima do teto da minibanda (R$ 1,1085). Quando as cotações bateram R$ 1,1086, o Banco Central detonou uma série de três leilões de dólar para atender a demanda e derrubar as cotações.
O sucesso da operação não chegou a ser completo. No fechamento, as cotações do dólar comercial estavam a R$ 1,1070.

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