São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Visitante pode sentir atração ou repulsa

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Atração e repulsa. Essas duas sensações podem permear a visita do espectador leigo à 3ª Bienal Internacional de Arquitetura, de hoje a 30 de novembro, no pavilhão da Bienal.
A retrospectiva do arquiteto e designer funcionalista holandês Gerrit Rietveld, por exemplo, é uma das mais amplas e atrativas. Oferece desde clássicos móveis mondrianescos, como a célebre cadeira "Red Blue", maquetes originais e alguns "protomóveis", que remetem ao início de suas pesquisas formais.
Também deve atrair pela novidade a mostra do engenheiro uruguaio Eladio Dieste, reconhecível por suas paredes e coberturas onduladas, responsável por projetos como os hangares para o metrô do Rio, a igreja de Durazno (Uruguai), a igreja de San Juan de Avila (Madri), igreja de Cristo Obrero em Atlántida (Uruguai) e Mercado de Porto Alegre.
A mostra organizada pela Rede Globo para apresentar seus novos estúdios de gravação (Projac) é a que mais se aproxima do público leigo. O espectador vai poder entrar em contato com a infra-estrutura das gravações, por meio de cenários reconhecíveis, como o da novela "A Indomada".
Entre as mostras monotemáticas de arquitetos brasileiros, um dos destaques é Oswaldo Bratke, que morreu no último dia 6 de julho. Arquiteto rigoroso, Bratke produziu entre os anos 30 e 60 cerca de 1.300 projetos, principalmente residências. É o introdutor da arquitetura modernista no Brasil.
Outro visionário foi Victor Dubugras, em atividade no início da modernização de São Paulo. Criou projetos monumentais, ligados às estruturas de poder da época, com muitos elementos decorativos, embora também antecipasse certa ordem racionalista por meio de formas geometrizadas e do uso de concreto armado. Terá um livro sobre sua obra lançado no dia 14.
Difícil de o público leigo engolir será a Exposição Geral dos Arquitetos, que conta com cerca de 550 trabalhos inscritos e aceitos, sem seleção, pela curadoria do evento.
A idéia dos organizadores era criar um amplo painel da produção contemporânea, mas acabou originando uma série de intermináveis corredores de painéis fotográficos, maquetes e projetos que não se distinguem uns dos outros. O espectador vai ter que ser arquiteto e daqueles bem interessados para descobrir naquela selva alguma pérola.
Questionável também é a eficiência da forma de apresentação da mostra "9 + 1 - Jovens Escritórios de Arquitetura Holandeses", que dispôs seus projetos em bizarros infláveis.

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