São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Dor que não passa

GABRIELA MICHELOTTI

Novas clínicas aliviam sintomas crônicos
Pensando em pacientes que sofrem de dores crônicas -que persistem por mais de seis meses-, surgem no Brasil ambulatórios ou clínicas de dor, cujo objetivo é diminuir o sofrimento.
Há dois tipos de dor: a aguda defende o organismo das agressões externas -como quando você está se queimando, sente dor e rapidamente reage- e a crônica, causada por doenças como câncer, diabetes, herpes, lesão medular ou derrame, que atacam os tecidos internos.
A dor crônica é muito mais difícil de passar e de ser tratada. Às vezes, a doença que causou a dor já foi embora, mas o sintoma persiste.
"Se o paciente é submetido à dor por muito tempo, os receptores podem ficar permanentemente ligados, como uma campainha disparada", afirma Sérgio Ferreira, professor de farmacologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
O Ambulatório de Dor do Hospital São Paulo atende 150 pacientes por mês. O tratamento é multidisciplinar. "Especialistas como oncologistas, neurologista e fisiatras vão combater a dor, sem esquecer de cuidar da doença de base", afirma a anestesiologista Ana Laura Albertone Giraldes, do ambulatório.
Claudio Fernandes Corrêa, neurocirurgião da recém-criada Clínica de Dor 9 de Julho, explica que são usados três tipos de tratamento contra a dor crônica.
"Primeiro, receitamos antidepressivos e antiinflamatórios, que têm efeito analgésico no organismo. O segundo método é a neuroestimulação: eletrodos são implantados em partes do sistema nervoso que, quando estimuladas, produzem um efeito analgésico natural."
Em último caso, a clínica usa as cirurgias ablativas, que cortam feixes nervosos e impedem que o impulso da dor chegue ao cérebro.
Além de tratamentos convencionais, há acompanhamento psicológico. "A dor psicológica não existe, mas um paciente com dor crônica ter depressão e ansiedade", afirma Côrrea.
Marly de Oliveira, 32, técnica de crédito e cobrança, há três anos sente dores decorrentes de uma tendinite.
Em um ano, foi imobilizada oito vezes, passou por ortopedistas, fisioterapia, acupuntura e do-in, sem resultado. "A dor passou para as pernas, o colo, a cervical, tudo doía", conta. Foi quando procurou a clínica de dor do Hospital 9 de Julho, onde receitaram antidepressivos. "Em questão de dias, melhorei."

ONDE ENCONTRAR Clínica de Dor 9 de Julho: r. Peixoto Gomide, 671, 9º andar, região central. Tel. 287-9910. Ambulatório de Dor do Hospital São Paulo: r. Pedro de Toledo, 719, Ibirapuera, região sudoeste. Tel. 576-4312. Ambulatório de Dor do Hospital das Clínicas: av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 647, Pinheiros, região sudoeste. Tel. 3069-6341

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