São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Na conversa

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- Um governo que fala...
A frase é de FHC. Falou em rede, ele que já tinha falado semana passada, em rede.
E falou Pedro Malan, pela manhã em rede e desfilando sem intervalo nos telejornais. Falou Antônio Kandir pela manhã, e falaram "o Martus, o Beto", os técnicos.
Falou até Gustavo Franco, perdido no fim da tarde, alijado da "equipe econômica".
E as medidas eram conhecidas, "faladas" que foram no domingo. No Fantástico.
E na conversa o "pacote", como até a Globo chamou, foi assimilado como a mais corriqueira das decisões.
Aumentou imposto, gasolina, demitiu milhares. E ainda assim, outra vez, foi anunciado e aceito como o que há de mais racional e correto. No fetiche sem fim do real.
*
- Medidas tão duras...
FHC sabe bem e diz que são medidas impopulares. Mas tira o pó das justificativas de três anos atrás e fala que a cesta básica está garantida, para a Globo trombetear.
Fala que o aumento no imposto atinge poucos. Que a inflação seria pior. Ainda e sempre, culpa os "pessimistas".
Argumentos eleitorais gastos, mas que se aceita, ainda outra vez, com resignação.
*
- Surpresa... não o é.
Com toda a sua inaptidão comunicativa, Malan faz bem o papel de evitar a surpresa, na sua expressão de ontem.
Bem o oposto de Kandir, o homem do confisco, e suas bombas retóricas, "enorme desafio", "mobilização nacional" e por aí vai.
*
- Eu não estou familiarizado... aí eu já não sei dizer... isso é outro departamento...
Gustavo Franco, o falastrão das "maldades", escondia os braços sob a mesa e sorria sem graça, só na Globo News.
Cumpre quarentena.

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