São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Pacote faz PT 'empurrar' Lula para disputa com FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

As medidas econômicas anunciadas ontem pelo governo praticamente dissiparam as dúvidas no PT sobre a candidatura ou não de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Todos agora consideram a candidatura inevitável.
"A candidatura de Lula é irreversível", afirmou, por exemplo, o deputado federal José Genoino (SP), que até pouco tempo articulava no bastidor a opção Tarso Genro.
Genoino é um dos líderes da chamada ala da "direita" do PT. A certeza do sim de Lula à candidatura é compartilhada no outro extremo do espectro político petista.
"O encanto da população com o Plano Real foi quebrado e isso só reforça a necessidade da candidatura de Lula", disse Valter Pomar, um dos vice-presidentes do PT e líder das correntes de "esquerda" da legenda.
Lula está reticente sobre a candidatura pela pouca disposição de diretórios estaduais do PT para ampliar as alianças estaduais.
A preocupação da direção do PT, principalmente do presidente José Dirceu, é não passar para a população que o partido torce pelo agravamento da crise para, com isso, crescer seu cacife eleitoral.
"A crise veio para ficar, mas ainda é cedo para dizer se ela vai mudar o quadro eleitoral", declarou Dirceu no intervalo de uma reunião de parte da cúpula do partido, ontem em São Paulo.
No discurso oficial, Dirceu se disse preocupado com as "consequências sociais" do pacote, mas já adiantou que o PT trabalha com um novo desafio para 98. "A oposição tem que mostrar à sociedade que é preciso mudar o modelo, mas sem afetar a estabilidade e com uma garantia de governabilidade"', disse.
O presidente petista, sempre com o objetivo de não deixar o governo colar no partido a imagem de torcer contra a estabilidade, acrescentou que Lula condiciona a candidatura a três fatores: política de alianças nos Estados, ampliação da frente que sustentaria sua campanha e unidade do PT. A terceira condição já está atendida.
"O ideal seria que a eleição para trocar o governo fosse agora, mas já que isso não é possível, vamos priorizar agora a disputa política sobre os rumos do país", disse Dirceu.
Lula vai hoje a Brasília para uma reunião com a bancada federal da legenda, entre outros compromissos. Amanhã, Dirceu se reúne com dirigentes de partidos de esquerda para discutir a crise e a candidatura presidencial para 98.
Convenção
A proposta de adiar a convenção extraordinária do partido para março do próximo ano foi rechaçada na reunião de ontem.
A idéia é do deputado João Paulo Cunha (SP) e será novamente discutida pela Executiva do PT na próxima segunda-feira. Cunha propõe março de 98 para a convenção que, em tese, vai escolher a candidatura presidencial.
"A crise só reforça a necessidade de uma definição nossa", afirmou Dirceu.

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