São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Viagem de SP a Buenos Aires encarece 20,8%

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Caso o Mercosul não seja isento das novas taxas de embarque determinadas ontem pelo governo, os US$ 72,00 a mais que estarão sendo cobrados de cada passageiro representarão um aumento de 45,8% no trajeto entre Porto Alegre e Montevidéu.
Até agora, o passageiro pagava para embarcar de US$ 18,00. Com a nova taxa de US$ 90,00, é de US$ 72,00 o aumento no custo final do bilhete. O aumento tem peso proporcional menor com passagens para vôos mais longos, como é o caso dos que têm por destino os aeroportos europeus.
Mas voltando ao Mercosul, entre Curitiba e Assunção, a viagem aérea estará custando 41,6% a mais. Na mais frequentada das rotas, entre São Paulo e Buenos Aires, o passageiro estará arcando com um custo suplementar de 20,8%.
São cifras coletadas pela Folha com base nas tarifas não-promocionais de ida simples. Tratando-se de ida e volta, com tarifas promocionais, a majoração efetiva da passagem de ida será ainda percentualmente maior.
Entre Curitiba e Assunção o bilhete não-promocional é de US$ 155,00, de Porto Alegre a Montevidéu é de US$ 139,00, e de São Paulo a Buenos Aires é de US$ 328,00.
Pelo pacote ontem anunciado, o governo pretende arrecadar R$ 500 milhões com o aumento da taxa de embarque. Matematicamente, poderá arrecadar até mais.
A estimativa para 1997 era a de que 4,7 milhões de brasileiros embarcariam de avião para o exterior.
Os estrangeiros
A eles devem ser somados os cerca de 2 milhões de estrangeiros que visitam o Brasil no ano. Não se sabe, entre estes últimos, quantos terão deixarão o território nacional de automóvel ou ônibus, e que, portanto, não sofrerão os efeitos da taxa.
As grandes companhias aéreas, como a Varig e a Transbrasil, não quiseram se pronunciar. Disseram que era um assunto do setor, e que apenas a entidade que o representa deveria opinar.
Foi o que fez o presidente do Sneas (Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias), Ramiro Tojal. A seu ver, o Mercosul é um mercado de curtas distâncias que deve receber tratamento diferenciado.
Ele também disse que as empresas não conseguirão evitar um aumento de suas tarifas, caso o "imposto verde" de 5% sobre os combustíveis também se aplique ao querosene de aviação.
O clima era de apreensão entre as empresas estrangeiras que operam no mercado brasileiro. Elas têm uma entidade, a Jurcaib (Junta das Companhias Aéreas Internacionais no Brasil).
Um de seus diretores, Paulo Yoshikawa, representante da alemã Lufthansa, disse não esperar maiores problemas quando se trata dos passageiros que viajam a negócios -no caso, 40% dos que embarcam por sua companhia.
Os demais, no entanto, sentirão os efeitos do encarecimento provocado pela taxa de embarque.
Turismo
O impacto da nova taxa sobre o mercado turístico são preocupantes, segundo Sérgio Nogueira, presidente da Abrav (Associação Brasileira de Agências de Viagem).
Citou o caso de famílias de quatro pessoas que, diante de quase US$ 300,00 a mais em suas despesas, poderão adiar o plano de viajar para o exterior por conta das medidas.
A Federação Nacional do Turismo, que representa 10 mil agências de viagem, convocou para ontem à noite uma reunião de diretores para analisar as repercussões do pacote no setor.

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