São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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ONG protesta contra fala de ministro

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Organizações não-governamentais estão preparando para o próximo dia 1º -que marca o Dia Mundial da Luta Contra a Aids- um megaprotesto contra a possibilidade de o governo reduzir o dinheiro destinado à compra de remédios para combater a doença.
Os manifestantes também vão protestar, na praça da Sé (centro de São Paulo), contra as declarações do ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, publicadas ontem em "O Globo".
Segundo o jornal, o ministro disse que quer reduzir os gastos com as drogas e que "considera uma injustiça o governo ser obrigado a gastar R$ 428 milhões neste ano com uma doença que atinge apenas 55 mil pessoas".
"O ministro está fazendo o jogo que foi encomendado a ele, para cortar os custos. Isso é inadmissível, porque existe uma lei que obriga a compra dos remédios. Além disso, esses pacientes não podem parar de tomar as drogas", diz Mário Scheffer, membro do grupo Pela Vidda e do Conselho Nacional de Saúde.
O ministro Carlos Alburquerque disse ontem, por meio de sua assessoria, que "não vai parar de distribuir os remédios e vai obedecer a lei". Mas afirmou que acha que o pagamento das drogas não será possível sem maior participação dos Estados e municípios.
As declarações do ministro batem de frente com a atual política de ataque à doença do Programa Nacional de Aids.
Em todas as suas entrevistas, o coordenador do programa, Pedro Chequer, afirma que o uso do coquetel, além de reduzir a mortalidade, é "uma economia para o governo". Segundo seus cálculos, o país economiza cerca de R$ 1 bilhão com todos os gastos que teriam se esses doentes -que hoje tomam as drogas- tivessem que ser atendidos na rede de saúde.
Para o ano que vem, o problema deve continuar. O orçamento previsto para a compra dos remédios é de cerca de R$ 220 milhões. Mas o próprio programa de Aids calcula que são necessários, pelo menos, R$ 800 milhões para pagar os medicamentos.

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