São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Governo corta pela metade projeção de crescimento; PIB subiria só 2%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA SUCURSAL DO RIO

A combinação da alta dos juros da semana retrasada com o pacote fiscal anunciado ontem já fez o governo rever para baixo a estimativa de crescimento econômico para 98, de 4% para 2% do PIB (Produto Interno Bruto).
Confirmada essa taxa, que ainda depende da possibilidade de redução dos juros e da eventual necessidade de novas medidas em função da crise externa, será o menor índice de crescimento no governo Fernando Henrique Cardoso, em pleno ano eleitoral.
A equipe econômica preocupou-se em deixar claro que não se trata de uma recessão -que se caracteriza por diminuição do PIB, que é a soma das riquezas produzidas no país. Ou seja, o que vai acontecer é uma redução do nível de crescimento.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, disse que essa queda não representa recessão da economia. "Não vejo ninguém vislumbrando redução da riqueza do país", afirmou.
Com isso, o desempenho da economia brasileira no próximo ano será pior do que o registrado neste ano, que tem previsão de crescimento de 3,8%. Em 95, o PIB registrou um aumento de 4,2%, e em 96, de 2,9%.
Para empresas e trabalhadores, a retração traz efeitos dolorosos, mesmo que não possa ser classificada de recessão. Os investimentos caem e, com eles, as possibilidades de geração de empregos.
Cortes
O corte foi de 15% no custeio do governo, que tem impacto de R$ 1,7 bilhão no Orçamento. No caso dos investimentos, a redução foi menor, de 6%, que representa uma economia de R$ 500 milhões.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, disse que o ganho fiscal das medidas anunciadas será de 2% a 2,5% do PIB para o próximo ano.
Ele não quis, no entanto, fazer previsões sobre a alteração da meta de superávit primário do setor público para 98, que está fixada em 1,5% do PIB.
Explica-se: diante da perspectiva de queda da atividade econômica, não se podem prever os efeitos sobre a arrecadação do governo. Quanto menos produção, menos impostos.
Mendonça de Barros disse que é difícil projetar os impactos dessas medidas no mercado de trabalho.
Ele afirmou que é necessário esperar a reação dos empresários, mas que o governo adotará medidas compensatórias no caso de aumento de desemprego. Algumas indústrias de São Paulo já anunciaram férias coletivas e até mesmo redução de pessoal.
O secretário disse ainda que alguns setores serão beneficiados, como as pequenas e médias empresas exportadoras, e que isso irá gerar empregos.
IBGE
As estimativas do IBGE não batem com as do governo. A previsão de crescimento econômico do coordenador da equipe do PIB trimestral do IBGE, Roberto Olinto Ramos, vai cair de 4% para 3,5%.
O IBGE é o responsável pelo cálculo oficial do PIB, mas a estimativa de Olinto Ramos é extra-oficial. Para ele, a redução da atividade, especialmente no comércio, justifica a revisão.

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