São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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CUT e Força Sindical prevêem recessão e mais desemprego

DA REPORTAGEM LOCAL

As duas principais centrais sindicais do país, a CUT e a Força Sindical, prevêem recessão e desemprego como consequências imediatas das medidas anunciadas ontem.
"Reconheço que o governo tinha de fazer alguma coisa. E suponho que hoje ele não tinha alternativa, mas as medidas tomadas nos penalizam, levam à recessão", disse o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros.
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT, vê cenário semelhante. "Todas as medidas, mesmo as que afetam diretamente os patrões, recaem sobre os trabalhadores, na forma de aumento de preços e demissões. E o desemprego já vinha crescendo."
Os discursos dos dois líderes sindicais coincidem ainda sobre a causa do pacote do governo: o atraso nas reformas, principalmente as fiscal e tributária.
A divergência fica por conta da estratégia de ação. Vicentinho aposta na mobilização da sociedade, que incluiria agora a classe média, principalmente micro e pequenos empresários.
"Vamos convocar a classe média para nossa reunião no próximo dia 6 de dezembro, em São Paulo, para fazermos uma grande maratona pelo Brasil."
Já Medeiros pretende apresentar um pacote social, para compensar o quadro recessivo. "Não podemos exigir que o governo volte atrás, mas queremos algo que funcione como um colchão amortecedor da crise social."
Desemprego
O Dieese (órgão de assessoria sindical) tem discurso semelhante. "A taxa de desemprego terá aumentos significativos", diz Antonio Prado, coordenador de produção técnica do Dieese.
Em setembro, a taxa recorde de desemprego na Grande São Paulo ficou em 16,3%.
Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade (que calcula com o Dieese os índices de emprego em São Paulo), analisa que o desemprego deverá aumentar nos próximos meses, principalmente em janeiro e fevereiro, após as vendas do Natal.
Uma de suas hipóteses, no entanto, é que os incentivos do governo dados às micro e pequenas empresas exportadoras comecem a surtir efeitos no início do ano que vem e o setor passe a contratar.

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