São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997 |
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Para Setúbal, dependência de capitais externos será reduzida
VANESSA ADACHI
A avaliação é de Roberto Setúbal, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). "A previsão era de que o país precisaria de um fluxo de capital estrangeiro de US$ 35 bilhões. Agora, essa necessidade será reduzida na mesma proporção dos ganhos alcançados com o pacote", diz Setúbal. Para o presidente da Febraban -e também do Banco Itaú-, essa era a principal preocupação dos investidores estrangeiros, que foi agravada com a crise detonada pelos países asiáticos. "O investidor deve ficar mais tranquilo agora, mas é fundamental que a previsão de ganho de R$ 20 bilhões seja mesmo atingida", adverte Roberto Setúbal. As medidas de redução de despesas e aumento da arrecadação do governo foram bem recebidas por representantes do setor financeiro do país. A avaliação geral é que as medidas são duras e reduzirão drasticamente o ritmo da economia, mas são necessárias. "O pacote será ruim no aspecto microeconômico, mas será muito bom no aspecto macroeconômico. É um sinal forte de que o governo está disposto a defender o real custe o que custar", diz Cláudio Haddad, superintendente do Banco de Investimentos Garantia. Para Haddad, o sinal enviado aos investidores é ainda mais positivo porque a conjuntura política atual -ano pré-eleitoral- costuma inibir pacotes que brequem a economia. O superintendente do Garantia estima que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 98 deverá ficar entre 0% e 1%. Para o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, "o governo está fazendo a lição de casa, promovendo cortes também na própria carne". Essa também é a avaliação do vice-presidente do BankBoston, Ricardo Gallo, para quem o governo foi "bastante firme". "O impacto de quase R$ 20 bilhões representa algo próximo a 2% do PIB do país. O número é impressionante", diz Gallo. Segundo ele, o pacote completa o instrumental necessário para combater a crise financeira que atingiu o país. As outras duas medidas, também positivas na sua avaliação, foram a atuação firme do Banco Central vendendo dólares para defender o câmbio e a elevação das taxas de juros, que praticamente dobraram. "Era o que dava para fazer pelo Poder Executivo, enquanto as reformas não vêm", afirma Ricardo Gallo. Por conta do pacote, o Boston reduziu a projeção de crescimento do PIB em 98 para 1% a 2%. A previsão anterior era de 3% a 3,5%. Reação estrangeira O BankBoston manteve contato com banqueiros internacionais durante o dia de ontem e, segundo Gallo, as reações ao pacote foram positivas. "As medidas são muito específicas e levará alguns dias para que os investidores estrangeiros consigam digerí-las", avalia Gallo. Texto Anterior: Pacote é recebido moderação nas Bolsas Próximo Texto: Impacto sobre a inflação será pequeno Índice |
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