São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Impacto sobre a inflação será pequeno

Posição é da Fipe e do Dieese

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação deve subir com as novas medidas econômicas do governo, mas o impacto do pacote será pequeno.
Essa posição é defendida tanto pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) quanto pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos).
Juarez Rizzieri, presidente da Fipe, diz que combustíveis, tarifas públicas e as novas taxas de IPI sobre automóveis e bebidas vão refletir no bolso dos consumidores. Esses novos patamares de preços vão empurrar para cima a taxa de inflação.
O pacote contém, no entanto, vários itens que vão inibir aumentos de preços, segurando a taxa de inflação. Entre esses itens, Rizzieri coloca as novas alíquotas de Imposto de Renda, os juros altos e a redução de gastos do governo.
Até as expectativas que serão geradas pelo pacote, se positivas, vão ajudar a segurar a taxa de inflação, prevê o economista da Fipe.
José Maurício Soares, técnico do Dieese, diz que o impacto terá vida curta, se estendendo apenas para este ano. A taxa até poderá ter novos componentes de pressão no início do ano que vem, mas será de fatores sazonais, como mensalidade e material escolar, diz.
Rizzieri e Soares concordam que o efeito maior das medidas será sobre o ritmo da economia. A demanda vai diminuir e muitas empresas devem desovar estoques. Com isso, os preços caem, segurando as taxas de inflação.
Para esse final de ano, a Fipe refez os cálculos e espera taxa superior a 4%. Antes das medidas, a instituição previa inflação inferior a 4% para 97. Para o Dieese, a taxa deve ficar em 6%.
Prever inflação para 98 fica difícil, diz Soares. Mas uma coisa é certa: as pressões vão ser pequenas, uma vez que o desemprego deve crescer e os consumidores vão perder parte da renda.
Rizzieri diz que essa renda tirada dos consumidores vai ser repassada para os investidores internos e externos.
O governo, no entanto, deve reduzir em breve essas taxas de juros. Caso contrário, toda a receita conseguida com as medidas econômicas será apenas para pagar o aumento da dívida interna, diz Rizzieri.

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