São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Mix Music quer hit nacional em Ibiza

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Mix Music quer estourar um hit de algum artista do selo em Ibiza no verão do ano que vem. Quando uma música é hit nas pistas de Ibiza, é passaporte garantido para sucesso no resto da Europa. "E depois ela automaticamente estouraria aqui", diz Beto Lago, um dos criadores do Mercado Mundo Mix. "Vamos fazer o caminho inverso."
A lógica por trás dessa estratégia é o preconceito que existe no Brasil de que "o nacional é pior". "Os DJs brasileiros precisam apoiar mais a música feita aqui. Está faltando mais colaboração", reclama Gonçalo Vinha, que toca o Nude e o Oil Filter.
O Nude e o Oil Filter estarão numa coletânea "Tribute to New Order", que será lançada pelo selo de Vinha, The The, em que bandas eletrônicas farão covers do histórico grupo inglês de pop eletrônico.
Mau Mau é um dos DJs que mais está dando força para as produções nacionais. "Faço questão de tocar, mesmo que não tenha a ver com o repertório. Afinal, se os DJs não tocam, quem vai tocar?"
Mau Mau não só é um dos primeiros DJs a tocar tecno no Brasil como se deve. É também um dos primeiros a se aventurar no estúdio e encarar a tarefa de fazer dance music underground no Brasil. Ele está trabalhando com o M4J, cujo estúdio ameaça se tornar uma pequena usina de grooves eletrônicos brasileiros.
As grandes gravadoras timidamente exploram o fenômeno. Se para o rock isso já era lento, imagine para o hiperativo tecno, com centenas de músicas novas por semana. "Não rola, na Europa o artista está lançando um single por um mês ou mais. As grandes não têm como entrar nesse ritmo. Acho que não querem e eu acho melhor que fiquem de fora mesmo", diz Renato Cohen, que responde pelo projeto Level 202.
O máximo que se permitiram até agora foi encomendar uns remixes. A Warner e a Universal fizeram concursos de remixes para artistas do seu elenco, respectivamente Morcheeba e Ed Motta.
Em sintonia com o exterior, a música eletrônica brasileira tem potencial para acontecer lá fora.
A ausência da barreira da língua impede que caia no rótulos "world music", exótico ou simplesmente seja ignorada.
Mas o mais animador são as vastíssimas possibilidades que aparecem a partir da fusão da música local com a tecnologia de ponta. E, se os europeus já estão se dando bem com alguns batuques, imagine quando o tecno Brasil realmente sair na avenida com tudo o que tem direito.
(CR)

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